Mundo

Paris sugere proibição do espaço aéreo da Bielorússia após desvio de avião

None

A França sugeriu hoje uma "proibição do espaço aéreo" da Bielorrússia após o sequestro, por este país, de um avião da Ryanair com um oponente bielorrusso a bordo e que foi preso após a aterragem em Minsk.

Os chefes de Estado e de governo da UE devem analisar hoje a possibilidade de novas sanções contra o regime autoritário de Minsk como reação ao desvio do avião da Ryanair em que seguia o jornalista crítico do regime bielorrusso Roman Protassevich.

Cerca de uma centena de autoridades bielorrussas, incluindo o presidente Alexander Lukashenko, já estão sob sanções europeias por causa de violações dos direitos humanos nesta ex-república soviética.

"Poderia haver outras medidas (...) Estou a pensar numa medida que deve ser discutida a nível europeu e internacional, a proibição do espaço aéreo bielorrusso, que é uma medida de sanção", disse o secretário de Estado francês dos Assuntos Europeus, Clément Beaune, em declarações transmitidas pela rádio RMC.

"Quero que olhemos para isto o mais rápido possível e acho que essa seria uma das medidas razoáveis para nos proteger", acrescentou.

"Colocamos em perigo a vida de cidadãos europeus, para além da deste oponente ao regime", acrescentou, lembrando que o avião ligava duas capitais europeias, Atenas e Vilnius, e transportou muitos cidadãos europeus, incluindo nove franceses.

"Também gera menos receita para o regime bielorrusso porque qualquer sobrevoo de um espaço aéreo faz parte das taxas aéreas" que o país em questão recebe, observou.

"É uma pirataria de Estado que não pode ficar impune", insistiu.

A Organização de Aviação Civil Internacional, órgão vinculado à ONU, já veio dizer que a aterragem forçada "pode ser uma violação da Convenção de Chicago", que protege a soberania do espaço aéreo das nações.

Por seu lado, os média estatais bielorussos defendeu a interceção do avião da Ryanair, considerando a reação normal devido a uma "ameaça de bomba" a bordo, e retrataram o jornalista preso como um "extremista".

Roman Protasevich, de 26 anos, é o ex-editor-chefe do influente canal Nexta, que se tornou na principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.

Em novembro, os serviços de segurança bielorrussos (KGB), herdados do período soviético, registaram o seu nome e o do fundador do Nexta, Stepan Putilo, na lista de "indivíduos envolvidos em atividades terroristas".