Há coisas que levam tempo, e o tempo urge...
Às vezes tenho a sensação de que estou a pregar no deserto. Contudo, vou continuar a minha "pregação "na esperança de que alguém menos distraído ou, por mero acaso, escute a minha mensagem e dela faça eco levando-a até ao destino certo .É preciso escutar, porque só ouvir não chega.
O que me leva hoje a escrever prende-se com algo que aflige muitos porto-santenses, infelizmente, atingidos pelo flagelo do cancro. Penso ser do conhecimento geral que, no Porto Santo, há uma grande incidência deste tipo de doença. Não estou na posse dos números em termos reais, mas posso afirmar com alguma segurança que são poucas as famílias que não tenham algum familiar ou não conheçam alguém que seja doente oncológico. Sei também que o SRS cobre todas as despesas de tratamentos, transportes, alojamento e alimentação destes doentes e respectivos acompanhantes, que se deslocam ao Funchal para se sujeitarem à quimio ou radioterapia enquanto convalescem, normalmente, quase todas as semanas. E é aqui que reside o problema. São muitas viagens, de barco ou de avião, que se tornam exaustivas e penosas para quem tem já a saúde fragilizada.
Será que (ainda que muito remota) não haverá a possibilidade, num futuro mais ou menos próximo, desses tratamentos serem efectuados no Centro de Saúde de Porto Santo?
Há alguns anos a esta parte, ninguém diria que existiria cá o Serviço de Hemodiálise, mas ele aí está a funcionar em pleno, segundo me é dado saber.
Não será possível dotar o Centro de Saúde com recursos físicos, materiais e humanos para o efeito?
Não será possível a formação de novos técnicos de saúde nessa área ou o destacamento de alguns dos que já integram o SRS, a título provisório?
Podem até configurar uma "barbaridade" estas questões, mas eu sou leiga na matéria, peço desculpa. Se os doentes pudessem usufruir destes serviços sem sair de Porto Santo, tenho a certeza que a sua qualidade de vida melhoraria e evitar-se-iam muitos constrangimentos.
Suponho que equipamentos destes e toda a logística a eles inerente envolve pesadas verbas, porém, isso não poderá constituir um impedimento. Há investimentos feitos em tantos empreendimentos megalómanos, sem qualquer utilidade prática, por aí abandonados e degradados ao sabor do tempo... A ser concretizado, este projecto não agravará, por certo, o défice das contas públicas. Mas será por uma boa causa, se for caso disso. A nossa saúde é um bem inestimável, não pode haver qualquer contenção, nem a qualquer preço. Por outro lado, o montante já não dispendido em viagens, estadias e alimentação poderia ser canalizado para outros fins mais necessários.
Hoje são eles. Amanhã pode ser qualquer um de nós, porque ninguém está livre de passar por situação idêntica.
Pode até ser difícil a implementação deste Serviço, pode até ser pouco viável, não sei. Mas não é impossível. Porque não há impossíveis, quando há uma vontade férrea e uma confiança inabalável de conseguir. "Querer é poder". Assim o queira, quem de direito.
Madalena Castro