“Onde se come ficam migalhas”
Fomos deixando de ser nós para sermos cidadãos pandémicos que se habituaram a viver à medida das possibilidades, divididos entre o medo e a Esperança. Ninguém sabe ainda o que vai ficar e o que vai mudar para sempre, mas já somos diferentes. Mas pouco. Estamos(?) em pré-campanha eleitoral e há coisas que se mantêm inalteráveis. Neste tempo de crise, sujeito a forte mediatização sustentada pela comunicação social e diversas redes sociais, esse mundo em que tudo anda à solta e grande parte escondida no anonimato, distribuindo ressentimentos, imbecilidades, ameaças, perseguições, violência verbal, maldade e mentiras a rodos, tudo acontece. Pode-se manipular, ludibriar... Tanto "tempo de antena" para promoção do vazio...
Inquieta-nos a incapacidade para gerir o desconhecido, a incompetência para tratar as tormentas onde navegamos, o louvor da falsidade mascarada de medidas a tomar, o elencar de mil e uma promessas que nunca serão cumpridas, anunciadas com grande regozijo e aplausos. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados. Refilamos, mas aceitamos. Indignamo-nos, mas resignamo-nos.
Localmente, vão sendo conhecidos alguns nomes, uns propostos pelos respectivos partidos, outros independentes. Ainda que nem todos tenham as mesmas probabilidades de vencer (por n razões) esperamos que seja gente muito empenhada na defesa da causa pelo bem comum. Quanto aos primeiros,
o compromisso com o partido proponente pode sobrepor - se ao compromisso com a causa que se predispuseram defender, na inobservância da isenção e independência exigíveis no desempenho das funções que lhes forem confiadas.
Gostaria de ver listas constituídas por cidadãos fora do espectro partidário para concorrer às autárquicas. Creio que movimentos cívicos e independentes podem e são capazes de governar, empenhados em acções construtivas. É com acções e não com intenções que se governa.
Porque "Onde se come ficam migalhas".
De todo o modo, que vençam os melhores.
Madalena Castro