Autoridades de Ceuta acolheram 850 menores
As autoridades da cidade autónoma espanhola de Ceuta acolheram 850 menores que entraram ilegalmente esta semana vindos de Marrocos e que em muitos casos têm de regressar para junto das suas famílias naquele país.
Segundo a agência espanhola Efe, os jovens estão a fazer testes para averiguar se têm covid-19 e em processo de verificação da sua idade.
Existe ainda um número indeterminado de jovens nas proximidades do porto de Ceuta à espera de uma oportunidade para entrar num barco para tentar chegar ao território continental de Espanha, havendo ainda mais de 230 num centro de assistência.
De acordo com fontes do Governo espanhol citadas pela Efe, para aliviar a situação está previsto o envio para outras cidades espanholas de 200 menores que residem em Ceuta há vários meses.
A polícia estabeleceu dois procedimentos para encontrar uma solução para os menores, o primeiro deles de reunificação familiar, que se destina aos pais que reclamam os seus filhos, tendo a Cidade Autónoma de Ceuta divulgado um número de telefone para esse efeito.
Sobre esta questão, a ministra da Educação espanhola, Isabel Celaá, afirmou hoje que muitas famílias têm reclamado a partir de Marrocos os menores chegados nos últimos dias a Ceuta e assegurou que será estudado "rigorosamente caso a caso", prevalecendo sempre o interesse superior da criança.
O segundo procedimento refere-se a menores que ninguém reclama e que, portanto, se encontram numa situação de abandono, tendo as autoridades de Ceuta de resolver a sua situação, disse um porta-voz da delegação do Governo central na cidade.
Para determinar a idade nos casos em que existem dúvidas de que são menores, é feito um teste aos ossos do pulso e um raio-X à boca.
Num armazém que serve de centro de assistência continuam a chegar menores, alguns de forma voluntária, depois de vários dias a dormir na rua, e outros algemados por agentes da polícia local.
O armazém industrial é guardado por veículos militares e a Polícia Nacional e os serviços de limpeza concluíram hoje uma desinfecção extraordinária nos arredores, embora muito perto ainda haja vestígios de garrafas de água, alimentos e vestuário.
A primeira zona do armazém, onde chegam as crianças, é protegida por um toldo militar, debaixo do qual há mesas onde se sentam, fazem o teste para verificar se têm covid-19 e recebem comida.
Alguns dos jovens que chegaram a Ceuta esta semana foram enganados, porque lhes disseram que podiam ver os futebolistas Messi e Ronaldo na cidade espanhola, segundo disse à Efe uma voluntária que entrega comida na fronteira, Bárbara Chellarám.
A vaga de entradas ilegais em Ceuta esta semana tem lugar num contexto de grande tensão entre Madrid e Rabat, depois da chegada a Espanha, no mês passado, para tratamento médico, do líder do movimento de independência do Saara Ocidental Frente Polisário, que luta pela independência deste território controlado por Marrocos.