As nossas Mães
Mãe, neste dia tão especial o meu OBRIGADO por tudo o que me ensinou, os valores que me transmitiu que foram a base para me tornar na pessoa que hoje eu sou e vai estar sempre presente nas nossas vidas e nos nossos corações.
Neste dia aproveito para homenagear “Mães”, dando a conhecer as suas histórias de vida, que apesar de já não estarem fisicamente connosco continuam vivas nas nossas memorias. A maior riqueza que herdamos sãos as vivências que tivemos com pessoas tão especiais e únicas e agradeço a oportunidade de as ter conhecido e a grande importância que continuam a ter na minha vida.
A Senhora Francisca, que nasceu nos inícios do século XX no seio de uma família muito humilde, que passou fome, andou descalça, pedia aos seus superiores para ir à escola apreender as “letrinhas”, mas a vida não lhe deu essa oportunidade e apesar de não conhecer uma letra foi das mulheres mais sábias que conheci até o dia de hoje. Para ajudar a família começou a trabalhar muito nova nos campos e com os trocos que recebia conseguia comprar meio pão para dividir com as suas irmãs. Como era costume na época casou muito cedo e como dizia “não sabia nada da vida”, teve 14 filhos, nascidos todos em casa recorrendo a uma parteira, sem cuidados médicos, sem epidural, uma Mãe com muita garra e determinação em que conciliava a árdua vida doméstica, cuidar dos filhos, com as idas ao campo para trabalhar na terra e muitas vezes sofreu em silêncio as suas maleitas. Mas sempre incentivou os seus filhos a estudarem pois queria um mundo diferente para os seus. Era uma mulher sem medos, ficou cega, mas teve a coragem, determinação de ser operada e recuperou a sua “vistinha”, teve a oportunidade de viajar para visitar os seus filhos e família. A vida foi difícil, mas era uma senhora alegre, de muita fé que não faltava à sua “missinha”, de valores, a sua família era a sua maior riqueza e a sua maior alegria era ter a “familinha” em eu redor. Obrigada por ter feito parte da sua longa vida!
A Prima Rosa como era conhecida no seio familiar, nasceu nos anos 30 do século passado, não foi a escola, não teve direito as brincadeira de infância pois tinha de ajudar nas lidas domésticas que eram imensas pois as famílias eram numerosas e enquanto os rapazes iam trabalhar nos campos e cuidar dos animais, as raparigas tratavam das roupas que eram lavadas nas ribeiras, preparavam as refeições, cuidavam dos mais novos e no final do dia cansadas ainda tinham forças para bordar à luz de um candeeiro de petróleo para ganhar uns míseros trocos. Foi nova para a casa dos primos para ajudar, apesar de nunca ter casado nem ter sido mãe biológica, cuidava dos mais pequenos, das mazelas provocadas pelas quedas. Após executar as tarefas domésticas, ia para o campo, cavar, plantar, carregar as costas molhes de lenha, que era utilizada para a confeção das refeições pois não havia fogões a gás, apanhava a erva para alimentar o gado, cuidava das vacas e tirava o leite, que no final do dia transportava em vasilhas para o poste que eram pontos de recolha do leite, existentes ao longo da ilha que o transportavam para o Funchal para ser vendido. Foi uma mulher que a sua maior viagem foi a volta a ilha, uma vida dedicada inteiramente aos outros, foi “Mãe” de várias gerações, não era uma senhora de muitos sorrisos, mas no fundo tinha um coração de ouro e do tamanho do mundo. Obrigada Prima!
A minha mana do coração, foi uma amizade que começou de forma estranha, mas como diz o ditado “primeiro estranha-se depois entranha-se.” Fez parte uma geração em que a vida era mais fácil, teve uma infância feliz, estudou, começou a trabalhar nova para ter a sua emancipação económica, foi uma grande profissional sempre disponível para ajudar os outros e amiga do seu amigo. Constitui a sua família, foi uma grande Mãe, que sempre lutou pelo futuro do seu amado filho que era o seu maior e mais valioso tesouro, uma autêntica fada do lar que sempre conseguiu conciliar a sua vida familiar com a sua vida profissional. Uma mulher dinâmica, bonita por dentro e por fora, vaidosa, alegre, tinha tudo para tudo para ser feliz, mas infelizmente a vida trocou as voltas. Aos 45 anos teve de enfrentar a sua maior batalha que foi a doença, mas foi uma grande lutadora que nunca baixou os braços, que tinha sempre a esperança que tudo ia correr bem, viveu esta fase na sua vida com muita dignidade, paz, sem revolta, sempre com a esperança que tudo ia correr bem, com o seu belo sorriso muitas vezes é que nos apoiava, Uma vida curta, mas tao rica nos seus valores e atitudes. A minha melhor amiga que é a minha estrela que me guia nos momentos mais difíceis!
Grandes Mães que tiveram em certos aspetos percursos de vidas muitos diferentes, mas que vão permanecer presentes para toda a vida!
Salvador Freitas