Madeira

A Redacção do além

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Boa noite!

Agiganta-se a Redacção do além para onde hoje partiu o Emanuel Correia.

Vai ao encontro de tantos outros saudosos da nossa arte, gente que deu muito de si pela informação, pensando mais na missão do que na vaidade, privando família e amigos do convívio à hora certa e muito dando para que nada faltasse a quem se alimenta de notícias. Lembro-me de tantos, assim de repente, admitindo que me faltem alguns, do José Ribeiro, do Tolentino Nóbrega, da Lília Bernardes, do Manuel Nicolau, do Artur Campos, do José Salvador, do Jorge Ventura, do Pedro Camacho, do Vicente Jorge Silva, do Roquelino Nóbrega, do Ramos Teixeira, do Luís Miguel França, do Acácio Pestana, do Nélio Freitas, do José Roquelino, do Carlos Varela, do Vítor e do primeiro que vi partir quando ainda mal tinha começado com tanto para dar, o inesquecível João Freitas.

Do Emanuel Correia registo três virtudes reveladoras da sua grandeza. A assertividade com que escrevia e apanhava o essencial das conversas debitadas durante horas pelos protagonistas da informação, mesmo que tivesse que encostar o gravador ao ouvido enquanto tomava notas. A arte de viver em paz, sem comprar chatices, nem inimizades. A subtil solidariedade de quem quis ajudar-me quando comecei no jornalismo, em 1995, admitindo que precisava de reforços na Lusa. Mas como tudo dependia de Lisboa e não havia tempo a perder, agarrei outras duas oportunidades, a maior das quais com mais de 25 anos de entrega.

Onde quer que estejas Emanuel Correia, fica descansado. Deixaste amigos que a esta hora sofrem a perda, mas segredam ao mundo o melhor de ti. Eras referência, e segundo hoje escreveram, eras “íntegro, competente, profissional, humilde, bondoso e companheiro e dedicado”.

Também por isso a tua partida deixa-nos pensativos. Se calhar andamos acima da média, a dormir pouco e a fazer tanto porque nesta admirável cruzada dificilmente saberemos parar antes de morrer.