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Pelo menos 2.700 migrantes marroquinos entram em Ceuta

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Pelo menos 2.700 migrantes, incluindo 1.000 menores, conseguiram alcançar hoje o enclave espanhol de Ceuta a partir do vizinho Marrocos, deslocando-se a nado ou a pé, indicaram as autoridades locais que se referiram a um recorde num único dia.

Desde as primeiras horas do dia de hoje, multiplicaram-se as chegadas no território espanhol situado no noroeste do Magrebe, com os migrantes a deixarem as praias marroquinas situada alguns quilómetros a sul de Ceuta e movendo-se de barco ou a pé, quando a maré o permitiu.

Um porta-voz da delegação governamental em Ceuta indicou que os marroquinos, incluindo famílias inteiras com os seus filhos, nadaram ou deslocaram-se em barcos pneumáticos para contornar as barreiras aquáticas que se estendem por vários metros no mar Mediterrânico junto à fronteira com Marrocos.

Em declarações à agência noticiosa AFP, declarou ainda tratar-se de um número "inédito.

Ceuta e Melilla, outro território espanhol nas proximidades, são encarados por dezenas de migrantes africanos como um trampolim para a Europa, e todos os anos arriscam-se a ferimentos ou a morrer quando tentam transpor as barreiras de arame farpado, escondidos no interior de veículos, ou nadando em torno das cercas que se estendem no Mediterrâneo.

Vídeos divulgados pelo jornal local El Faro de Ceuta mostram dezenas de pessoas a subirem a parede rochosa das barreiras e a dispersarem-se pela praia Tarajal, na zona sudeste da cidade.

Uma dupla barreira com 10 metros de altura rodeia os oito quilómetros da fronteira sudeste de Ceuta com Marrocos, com o restante território do pequeno enclave situado frente ao Estreito de Gibraltar e à Europa, separados pelo mar.

O porta-voz, que não se identificou, indicou que a travessia se iniciou pelas 14:00 locais numa zona fronteiriça designada Benzú, sendo depois seguidos por várias dezenas de pessoas perto da praia de Tarajal.

Indicou ainda que as autoridades espanholas estavam em contacto com os seus homólogos marroquinos, mas ainda não estava confirmada a eventual deportação dos migrantes.

A Espanha não concede aos marroquinos o estatuto de requerentes de asilo, e apenas permite que crianças migrantes não acompanhadas permaneçam legalmente no país sob supervisão governamental.

Este tipo de chegadas irregulares a Ceuta não é uma situação inédita.

No final de abril, e durante um fim de semana, mais de uma centena de migrantes, igualmente procedentes de Marrocos e organizados em grupos de 20 e 30 pessoas, alcançaram a nado o território espanhol de Ceuta.

A maioria destes migrantes foram expulsos e entregues às autoridades marroquinas.

Na altura, Madrid informou que todos os repatriados eram adultos, uma vez que entre os cerca de 150 migrantes que tinham alcançado a nado o território espanhol de Ceuta constavam vários menores de idade, que ficaram sob tutela do governo autonómico.

Estas chegadas irregulares de migrantes procedentes de Marrocos ao território de Ceuta acontecem num contexto de tensão diplomática entre Madrid e Rabat.

Marrocos, um aliado fundamental de Madrid na luta contra a imigração ilegal, convocou em finais de abril o embaixador espanhol em Rabat para manifestar o desagrado das autoridades marroquinas perante a hospitalização em Espanha do líder do movimento de independência saarauí Frente Polisário, Brahim Ghali.

A questão do estatuto do Saara Ocidental, antiga colónia espanhola considerada como "território não autónomo" pelas Nações Unidas na ausência de um acordo definitivo, opõe há décadas Marrocos e a Frente Polisário.

No ano passado, 41.861 migrantes chegaram de forma irregular a Espanha, por via marítima e por via terrestre, um aumento de 29% em relação a 2019, em parte por causa da forte pressão migratória verificada nas Ilhas Canárias, segundo dados oficiais.

No caso específico de Ceuta, em 2020, foram referenciadas 430 chegadas por via marítima, menos do que as 655 verificadas no ano anterior.

Grupos de migrantes tentam regularmente entrar no território de Ceuta, seja a nado ou através de tentativas para trepar as altas cercas fronteiriças que separam o enclave de Marrocos.

Ceuta e Melilla são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia (UE) com África.