Coronavírus Mundo

Reino Unido está confiante na eficácia das vacinas contra variante indiana

None
Foto EPA

O Governo do Reino Unido afirmou hoje estar confiante na eficácia das vacinas anticovid-19 contra a variante indiana, numa altura em que o aumento desta nova estirpe é uma preocupação antes do início de uma nova fase de desconfinamento.

No território britânico, o número de casos atribuídos à variante indiana mais do que duplicou numa semana, subindo para 1.313 nesta semana, de acordo com autoridades de saúde do Reino Unido, indicando que essas situações de infeção estão concentradas principalmente no noroeste do país e em Londres.

"Se as pessoas foram vacinadas duas vezes [...] temos uma certeza crescente, com base nos primeiros dados laboratoriais [...], de que as vacinas são eficazes contra a variante indiana", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, em declarações à BBC.

Segundo as autoridades de saúde, para impedir a propagação da variante B1.617.2 da covid-19, que se pode se tornar "dominante", o intervalo entre as duas doses da vacina (até três meses) é reduzido para oito semanas para pessoas com mais de 50 anos e pessoas mais vulneráveis, enquanto a testagem foi reforçada nas áreas afetadas.

Sublinhando que a variante era "claramente mais contagiosa", Matt Hancock disse que poderia "realmente se espalhar como um incêndio entre os grupos não vacinados", em declarações à Sky News.

"É por isso que temos de vacinar tantas pessoas quanto possível, especialmente aquelas com maior probabilidade de serem hospitalizadas", declarou o ministro da Saúde do Reino Unido.

Desde o lançamento da campanha de vacinação no início de dezembro, mais de 36 milhões de pessoas receberam a primeira dose e quase 20 milhões receberam já a segunda dose da vacina anticovid-19.

Face ao aumento de casos da variante indiana do SARS-CoV-2, que levanta preocupações antes do início de uma nova etapa no plano de desconfinamento da Inglaterra, que está prevista começar na segunda-feira, o Governo britânico explicou-se hoje quanto à demora na tomada de medidas para endurecer as restrições aos viajantes que chegam da Índia.

Em 19 de abril, o executivo decidiu colocar a Índia na lista vermelha de países em que os viajantes estão proibidos de entrar no Reino Unido, exceto residentes que são obrigados a fazer uma quarentena de 10 dias num hotel.

O anúncio foi feito no dia em que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cancelou a visita oficial à Índia, a sua primeira grande viagem ao exterior, devido ao agravamento da pandemia no país.

Matt Hancock rejeitou a ideia de que a decisão de colocar a Índia na lista vermelha foi adiada devido à viagem do líder do Partido Conservador.

"Tomamos essas decisões com base nas evidências", referiu o ministro da Saúde, em declarações à Sky News.

Apesar de apelos de cientistas à prudência no desconfinamento, o Governo considerou não haver motivos para adiar a flexibilização prevista para segunda-feira, com o regresso do serviço de sala em 'pubs' e restaurantes, a reabertura de espaços culturais e a retoma das viagens ao exterior.

No entanto, uma forte circulação da variante indiana pode colocar em causa o levantamento de quase todas as restrições, previsto para 21 de junho. A decisão será tomada no dia 14 de junho, segundo o ministro da Saúde.

O comité científico que assessora o Governo (Sage) estimou que havia uma "possibilidade realista" de que a variante fosse até 50% mais contagiosa do que a que surgia no final de 2020 no sudeste da Inglaterra. Esta última levou a um surto de contaminações e mortes no Reino Unido, obrigando o país a voltar a confinar por longos meses em janeiro.

Se a variante indiana for 40% a 50% mais contagiosa, o alívio das restrições na segunda-feira poderá "levar a um aumento substancial dos internamentos" que seriam "semelhantes ou mais importantes do que em picos anteriores", quando os serviços de saúde estavam à beira da rutura, alertou o comité.

No sábado, o Reino Unido registou mais sete mortes por covid-19 e mais 2.027 infeções com o novo coronavírus, segundo o balanço diário oficial, que apenas inclui dados de Inglaterra e Escócia.

Os números diários de casos de infeção e mortes na Irlanda do Norte não foram hoje atualizados devido a problemas técnicos e, no País de Gales, não são divulgados ao sábado, indica o portal do Governo britânico com as estatísticas da covid-19.

Desde o início da pandemia, o Reino Unido totaliza 127.675 mortes em 4.448.851 casos de infeção.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.371.695 mortos no mundo, resultantes de mais de 162,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.