Pandemia colocou em risco organização de 43,8% das famílias madeirenses
Agregados familiares mais velhos foram os que mais sentiram dificuldades com o confinamento
Um estudo, realizado pelo Instituto Português de Mediação Familiar e pela Universidade da Madeira, revela que a pandemia teve impacto significativo na organização das famílias madeirenses.
De acordo com os dados - divulgados pelo presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, que participou na apresentação do estudo - 56,6% das famílias revelaram um funcionamento equilibrado, enquanto 43,8% correm risco.
Os agregados familiares mais velhos foram aqueles que mais sentiram dificuldades com o confinamento, derivadas do isolamento e do distanciamento social, refere a investigação.
O estudo 'Famílias & Confinamento Social' baseou-se em inquéritos on-line, por amostra de conveniência, aplicados a pessoas entre os 18 e os 67 anos, em Portugal continental e nas ilhas. Responderam ao questionário, nacional, 479 pessoas residentes na Madeira (362 Mulheres e 117 homens), que representam 48% do universo em estudo.
Outra das conclusões foi que, para 36% dos madeirenses inquiridos, a situação financeira piorou com a pandemia, sendo que as famílias com filhos revelaram estar mais coesas e equilibradas.
Ficou também provado que quanto mais dias de confinamento pior foi o funcionamento das famílias.
Entre os aspetos positivos, os inquiridos na Madeira apontam “o tempo que tiveram para si”, a “união e a entreajuda” e o “desenvolvimento de novas capacidades”.
A investigação revelou também que o teletrabalho teve impactos positivos no relacionamento familiar, uma vez que aproximou as pessoas do lar.
O estudo foi coordenado pelas investigadoras Maria João Beja, docente da Universidade da Madeira, e Luísa Santos, docente de enfermagem e presidente do Instituto Português de Mediação Familiar do Funchal. A investigação, realizada entre Maio e Junho de 2020, teve por objectivo compreender melhor as famílias em época de pandemia e reforçar os mecanismos de suporte à família.
A apresentação dos resultados aconteceu por videoconferência no Dia Internacional da Família, assinalado este sábado (15 de Maio) e contou também com a presença da secretária regional de Inclusão Social e da Cidadania, Augusta Aguiar; Isabel Dias, magistrada coordenadora do Ministério Público na Madeira, e João Correia, da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas. O debate foi moderado pelo docente e investigador Paulo Milheiro.
A redução "drástica" da natalidade, a sustentabilidade da Segurança Social, violência doméstica (menos crimes de violência doméstica participados na Madeira durante o confinamento), a reestruturação do Plano Regional para a Família e Intervenção Social e a criação de um plano nacional para a família foram outros assuntos discutidos neste webinar.