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Vamos ter de mudar?

Escrevi sobre este tema há quatro anos, mas acho ser mesmo a hora de fazer esta pergunta, por considerar que não mudámos quase nada, mas sempre nos fomos adaptando às circunstâncias ... que têm mudado muito, com muita frequência ... bastando para isso relembrar as nossas adaptações.

As mudanças climáticas, explicam algum desgaste do planeta, quer se acredite ou não, porque, tecnologicamente podemos reconhecer alterações no consumo dos nossos principais “nutrientes” terrestres, desde o oxigénio à água, passando pelos minerais. Há muito que o consumo de bens essenciais aumentou, o ritmo de vida acelerou e as tecnologias invadiram o mercado à nossa disposição. Com um simples telemóvel, podem fazer-se mil e uma coisas, sem sair de casa. E com um computador portátil, pode ser efectuada uma actividade profissional no próprio domicílio ou noutro local perto de si. Portanto, estamos a mudar, mas não sei se estamos a melhorar. Mostrando alguns exemplos: a rede 5G vai ser melhor? ... pode ser prejudicial? ... é um processo evolutivo natural, sem consequências nefastas? Uma viatura eléctrica é melhor? ... é absolutamente natural e menos poluente? ... tem problemas “à posteriori” com a inutilização ou destruição das baterias? Como se está a perceber, o factor climático faz reconhecer a necessidade de muitas mudanças decisivas e também definitivas, para a protecção e até salvação do nosso habitat. Que só terão significado e repercussão se forem realizadas a nível mundial sem quaisquer excepções. Pois claro! ... e como vai ser com a China, a Coreia do Norte, a Índia, os países africanos, alguns europeus, alguns sul-americanos? E a poluição dos mares e oceanos, para além da pesca abusiva e exaustiva em águas internacionais?

O actor norte-americano Clint Eastwood comentou deste modo: - “Todo o mundo fala em deixar um planeta melhor para os nossos filhos! Na verdade deveríamos tentar deixar filhos melhores para o nosso planeta!” Provavelmente terá alguma razão, com a displicência familiar na educação dos filhos, em parte justificada pelos compromissos laborais generalizadas, que absorvem muito tempo útil ... mas o certo é que o essencial não é feito e o supérfluo nunca falta. Esta é a imagem da educação actual, muito amparada pela escola pública.

Nos transportes terrestres, vão ter de haver mudanças, e, no pequeno mundo português, vão ter de surgir mais linhas férreas e deslocações fáceis realizadas em comboios, com poupanças económicas e muito menos poluição. Uma viagem Lisboa-Porto não tem razão alguma para ser feita por via aérea! Nem razão de rapidez, nem de comodidade! São pouco mais de 300 quilómetros! Se vamos ter de poluir menos, todos vamos ter de o fazer!

Desfocando do país e do mundo e focando um pouco nas nossas ilhas, temos mais uma oportunidade de poder mudar a “filosofia” no acesso de turistas que nos visitam, ... que são afinal, o ganha-pão de grande parte da população. Temos duas ilhas bem organizadas e bem cuidadas, com um oceano maioritariamente limpo à nossa volta, temos uma floresta indígena de grande dimensão, impar !! ... especialmente bem tratada e vigiada, temos um imenso trajecto de levadas visitáveis e temos uma praia “tropical” de areia amarela e fina, ... na qualidade e na textura, com nove quilómetros de extensão, localizada numa ilha com características anti-stressantes e com acessos excelentes. Se temos tudo isto ... acrescentando mais ainda, as nossas enormes e tradicionais qualidades de disponibilidade e hospitalidade, não podemos ser conhecidos como um destino de “massas”, mas antes um destino de qualidade. Como se consegue tudo isto? Penso que tem de haver um consenso pacífico com todos os intervenientes, tem de haver segurança, qualidade do ar, protecção do ruído de vizinhança e controlo nos actos de cidadania.

Considero de imediato, tudo isto possível,... porque somos, apenas e somente 255 mil habitantes entre Madeira e Porto Santo!

Também temos de mudar leis no nosso país! Temos leis “flácidas”, permissivas, que foram descaradamente assim projectadas. Deixo aos políticos, esse acto de contrição, pelos “pecados” até agora realizados á custa das nossas leis e códigos! E aqui vai um comentário: O mesmo advogado que achou não existir crime valorizável no aeroporto de Lisboa, considera que foi um crime passível de demonstração exemplar da justiça, no caso das mortes ocorridas durante as provas técnicas dos candidatos aos Comandos! Como pode o senhor advogado pedir o perdão para um e no mês seguinte exigir a condenação para todos os outros? Quando estes dois casos tiveram igual desfecho fatal?

Está na hora de aproveitar esta pausa forçada, para mudar, sem receios, sem hostilidades, com ponderação, mas com muita ou até muitíssima imaginação, ao mesmo tempo.