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ONU revê em alta crescimento económico global para 5,4% em 2021

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A Organização das Nações Unidas (ONU) reviu hoje em alta as perspetivas de crescimento económico mundial para 5,4% de 2021, mas avisa para um crescimento desigual devido à pandemia e processos inadequados de vacinação em vários países.

As conclusões constam da atualização do relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspetivas (WESP, na sigla em inglês), que inclui uma projeção de expansão da economia mundial a 5,4% em 2021, uma revisão em alta das previsões publicadas em janeiro, quando se previa um crescimento de 4,7%.

As previsões seguem-se após "uma forte contração de 3,6% em 2020", indica o relatório de metade do ano, apresentado hoje em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas.

"O aumento do número de infeções por covid-19 e o progresso inadequado de vacinação em muitos países ameaçam uma recuperação ampla da economia mundial", alerta o Departamento de Assuntos Económicos e Sociais (DESA) das Nações Unidas, responsável pelo relatório.

A perspetiva de crescimento global melhorou desde o início do ano, liderada por uma recuperação robusta na China e nos Estados Unidos da América, países com "vacinações rápidas e medidas contínuas de apoio fiscal e monetário".

Em contraste, "as perspetivas de crescimento em vários países do Sul da Ásia, África Subsariana e América Latina e Caribe permanecem frágeis e incertas", contrapõe o relatório hoje apresentado, alertando que as economias de muitos países só voltarão a níveis pré-pandemicos em 2022 ou 2023.

A atualização hoje divulgada segue as mesmas linhas desde janeiro, quando as Nações Unidas advertiam para o aumento da desigualdade "como consequência dos enormes pacotes de estímulo económico dos países mais ricos, que têm uma perspetiva de recuperação muito melhor que os países com menos recursos, que não puderam atuar com a mesma contundência".

O relatório WESP divulgado hoje, a meio do ano, indica que as economias dependentes da manufatura apresentam resultados mais otimistas, tanto em crise e em período de recuperação, ao contrário de economias dependentes do turismo e de matérias-primas, em que "uma recuperação rápida parece improvável".

"O comércio global de mercadorias já ultrapassou os níveis pré-pandémicos, impulsionado pela forte procura por equipamentos elétricos e eletrónicos, equipamentos de proteção individual e outros produtos manufaturados", detalha o relatório.

A nível global, a "pandemia reduziu a participação na força de trabalho em 2% em todo o mundo, em comparação com apenas 0,2 por cento durante a crise financeira global de 2007-2008", compara o documento.

Hamid Rashid, chefe da Secção de Monitoramento Económico Global do DESA e principal autor do relatório lamentou o "grande golpe nos esforços de redução da pobreza e das disparidades de género em todo o mundo", devido ao impacto que a pandemia teve especialmente nas mulheres e meninas.

"A pandemia empurrou quase 58 milhões de mulheres e meninas para a pobreza extrema", acrescentou Hamid Rashid.

Para a recuperação, o responsável pediu medidas fiscais e monetárias que levem em conta "o impacto diferenciado da crise em diferentes grupos da população, incluindo mulheres, para garantir uma recuperação económica que seja inclusiva e resiliente".