China exige que Brasil pare de "politizar" origem do novo coronavírus
A China exige que o Brasil pare de fazer declarações que "interfiram com a cooperação bilateral e confiança mútua" entre os dois países, nomeadamente sobre a origem do novo coronavírus, disse o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming.
Numa videoconferência com três ministros brasileiros, o diplomata reiterou que a China "se opõe firmemente a qualquer politização e estigmatização da origem" do SARS-CoV-2, que provoca a covid-19.
Segundo a embaixada chinesa no Brasil, Yang Wanming defendeu que "a identificação da origem do novo coronavírus é uma questão científica, que deve ser investigada por cientistas de todo o mundo".
O embaixador sublinhou que a China continua disposta a trabalhar com o Brasil para vencer a pandemia o mais rápido possível.
Yang Wanming falava numa videoconferência com o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Segundo um comunicado, os ministros agradeceram o apoio chinês ao combate contra a pandemia e sublinharam que as relações comerciais com a China têm apoiado a recuperação económica do Brasil e melhorado a qualidade de vida dos brasileiros.
A videoconferência aconteceu poucos dias depois de o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ter levantado suspeitas sobre a origem do SARS-CoV-2.
"É um vírus novo. Não se sabe se nasceu em laboratório ou se foi de um homem que comeu um animal. Sabemos que há guerras bacteriológicas", declarou o Presidente brasileiro, na quarta-feira passada.
Um relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde e especialistas chineses, divulgado em março, concluiu que a transmissão do SARS-CoV-2 de morcegos para humanos através de outro animal é o cenário mais provável para explicar o início da pandemia, considerando "extremamente" improvável um incidente num laboratório.