Mundo

Jornalista sofre tentativa de assassínio 24 horas após morte de activista no Iraque

None
Foto Shutterstock

Um jornalista iraquiano foi alvo de uma tentativa de assassínio na madrugada de hoje e está entre a vida e a morte, atentado que ocorreu apenas 24 horas após a morte de um ativista noutro ataque no país.

Atacado por homens armados a caminho de casa na madrugada de domingo, o ativista Ehab al-Ouazni, coordenador dos protestos contra o poder em Kerbala, uma cidade sagrada xiita no sul do Iraque, morreu instantaneamente.

O jornalista Ahmed Hassan, do canal de televisão Al-Fourat, foi baleado na cabeça em Diwaniya, mais ao sul, tendo sido transferido posteriormente para Bagdad, onde foi submetido a várias operações e "permanecerá em tratamento intensivo por mais duas semanas", segundo o hospital especializado onde está internado.

Na madrugada de hoje, Ahmed Hassan estava prestes a sair do carro perto da sua residência quando o ataque aconteceu.

Ambos os ataques chocaram o Iraque, embora o país esteja acostumado à violência pré-eleitoral. As eleições legislativas antecipadas foram anunciadas para outubro de 2021.

Desde o início da revolta popular sem precedentes em outubro de 2019, pelo menos 70 ativistas foram vítimas de assassínios ou tentativas de assassínio e dezenas de sequestros, às vezes por um curto período.

Hisham al-Hashimi, historiador e especialista no 'jihadismo', foi assassinado em julho de 2020 perante os seus filhos em frente a sua casa em Bagdade.

Ninguém assumiu a responsabilidade por esses assassínios, mas para os ativistas, como para a ONU, os ataques são realizados por "milícias", num país onde grupos armados financiados pelo vizinho Irão continuam a ganhar influência.

"As milícias iranianas assassinaram Ehab al-Ouazni e vão matar-nos a todos, ameaçam-nos e o Governo permanece em silêncio", denunciou um dos seus amigos num vídeo.

Segundo os seus familiares, Ehab al-Ouazni foi recentemente à polícia por se sentir ameaçado, mas nenhuma proteção foi concedida ao ativista.

Pouco depois do seu assassínio, uma dúzia de grupos, incluindo Al-Beit al-Watani, um dos poucos partidos nascidos da "revolução de outubro", anunciaram que boicotariam as eleições legislativas.