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Objectivo de iniciar vacinação em todo o mundo nos primeiros 100 dias do ano falhou

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O objetivo de iniciar a vacinação em todos os países do mundo nos primeiros 100 dias deste ano fracassou, já que 14 deles ainda não começaram a campanha, disse hoje o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde.

"Alguns desses países não começaram a vacinar porque não pediram ajuda à Covax [o mecanismo de distribuição de vacinas para os países mais pobres], outros ainda não estão prontos e alguns só irão começar as campanhas de vacinação nas próximas semanas ou meses", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa 'online' realizada a partir de Genebra.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) adiantou que a vacinação anti-covid-19 já começou em 194 países, mais quatro do que o balanço feito na última conferência da entidade, em 06 de abril, e outros 12 vão começar a administrar as vacinas "em breve", assim que chegarem as doses de que precisam.

"Nas últimas seis semanas começaram a ser entregues 38 milhões de doses para mais de 100 economias [e países]", avançou o responsável, acrescentando que a OMS esperava distribuir, até ao final de maço, 100 milhões de doses através do mecanismo de distribuição equitativa de vacinas Covax.

"A Covax deveria distribuir 100 milhões de vacinas até ao final de maio, mas, devido a problemas que causaram atrasos nas entregas, foram distribuídas até ao final de março 38 milhões de doses", adiantou o responsável da OMS, acrescentando esperar que seja possível ultrapassar os problemas nos meses de abril e maio.

O atraso deveu-se, por um lado, ao facto de a Índia -- onde funciona um dos principais fabricantes do mundo, o Instituto Serum -- "estar a passar por uma vaga muito grave [de infeções] e ter de dar prioridade à sua própria população, reduzindo as exportações e, por outro, à necessidade de as principais farmacêuticas que fabricam vacinas anti-covid-19 terem tido de "otimizar as suas produções" logo a seguir ao início das campanhas.

Por outro lado, o "aumento do número de estirpes" do coronavírus SARS-COV-2 também dificultou o objetivo, já que "a procura de vacinas pela Covax aumentou muito", acrescentou o presidente executivo da Aliança das Vacinas (Gavi), Seth Berkley.

"Com todas as mudanças no fornecimento, o plano original de distribuir um quarto das doses de vacinas na primeira parte do ano e três quartos no segundo trimestre parece ter de mudar, passando a ser der 20% [até final de junho] e 80%" entre julho e dezembro, explicou Berkley.

Até agora, foram distribuídas 700 milhões de doses de vacinas em todo o mundo, adiantou o diretor-geral da organização, que lamentou o facto de a distribuição ser muito desequilibrada.

"Cerca de 87% das vacinas [doses já produzidas] foram para os países mais ricos, enquanto muitos países não têm vacinas suficientes para administrar aos trabalhadores de saúde quanto mais à população inteira", afirmou.