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Sócrates fala em "obscena campanha mediática"

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O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou hoje que tem sido alvo de uma "obscena campanha mediática" contra si no âmbito da Operação Marquês. 

À entrada do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde vai decorrer a leitura da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, José Sócrates criticou a comunicação social, que acusou de tentar influenciar a decisão.

"Venho aqui também para denunciar aquilo que é uma obscena campanha mediática que tem como objetivo condicionar o tribunal", afirmou o antigo chefe de Governo (2005-2011) pelas 14:00, meia-hora antes do previsto para o inicio da leitura da decisão instrutória. 

Numa declaração aos jornalistas, o antigo líder do Partido Socialista justificou a presença ao dizer que não era do seu "temperamento ficar em casa quando alguma coisa de tão importante se decide" e por lhe dizer respeito. Por outro lado, deixou também críticas ao Ministério Público (MP).

"Ao longo destes meses, o jornalismo português, por influência do MP, tentou condicionar a decisão do tribunal. Fê-lo ao longo de vários meses e com a cumplicidade e o silêncio de todas as instituições, porque o juiz foi acusado de ser o juiz dos poderosos e dos amigos de Sócrates. Acontece que nenhuma instituição, daquelas a quem compete defender a liberdade dos tribunais e dos juízes, teve a mínima intervenção e foram cúmplices no silêncio", frisou.

Reiterando a sua vontade de "lutar pela inocência", José Sócrates visou também o presidente do Conselho Superior de Magistratura (CSM), António Joaquim Piçarra, que, em entrevista à Lusa, assumiu que a decisão deste processo terá repercussões na justiça e na política portuguesa.

"O presidente do Conselho Superior da Magistratura, órgão a quem compete defender a liberdade dos juízes e a independência dos tribunais, teve um comportamento inaceitável. Pronunciou-se sobre matérias em discussão no processo Marquês; ainda ontem ou anteontem deu uma entrevista tentando minimizar a fase de instrução", afirmou, considerando esse comportamento "inaceitável".

O ex-primeiro ministro José Sócrates está acusado desde 2017, na operação Marquês, de 31 crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, num processo com 28 arguidos e que já dura há sete anos.