Propinas de alunos de português no estrangeiro renderam 1,2 milhões em 2020
As receitas das propinas dos alunos de português no estrangeiro (EPE) renderam em 2020 1,23 milhões de euros, representando uma ligeira quebra em relação ao ano anterior, disse hoje o presidente do instituto Camões.
"A receita das propinas em 2019 foi de 1,3 milhões de euros e em 2020 foi de 1,23 milhões", disse João Ribeiro de Almeida.
O presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, que tutela o EPE, falava hoje perante os deputados da Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República.
Questionado pelo deputado social-democrata por Fora da Europa, José Cesário, sobre os impactos da crise pandémica nas inscrições de alunos no ensino de português no estrangeiro para o próximo ano letivo, que decorrem até 30 de abril, Ribeiro de Almeida manifestou "flexibilidade" para prolongar o prazo se tal se revelar necessário.
"Havia imensos receios de que o ano 2020 fosse um ano catastrófico nas inscrições. Verificou-se uma quebra ligeira face ao ano anterior, não se confirmando aqueles cenários dramáticos", disse.
Para o próximo ano letivo, o responsável adiantou que as inscrições estão em linha com o ano anterior e referiu que já informou as coordenações do ensino português no estrangeiro da possibilidade de esse prazo ser prolongado até final de maio "para ter o maior número de inscritos".
Ainda assim, o presidente do IC admite que poderá "haver alguma pressão sobre a receita" das propinas, "não tanto pela diminuição do número de alunos", mas pelo alargamento do número de famílias que beneficiam das condições de redução do valor da propina [entre 20 e 80 euros] devido a situações sociais.
A deputada do Bloco de Esquerda, Alexandra Vieira, questionou o presidente do Camões sobre o que considerou uma desvalorização da rede de ensino do português no estrangeiro, com redução de alunos e professores, lembrando também que os alunos no estrangeiro continuam a pagar propinas e não têm acesso a manuais gratuitos em contraste com o que acontece em Portugal.
João Ribeiro de Almeida assegurou que o número de professores no estrangeiro "tem vindo a ser reforçado", existindo atualmente 320 docentes na rede oficial pública, resultante de "um esforço financeiro" de recuperação da rede de ensino após a crise económica.
"Entre rede oficial e rede apoiada, há 68 mil alunos" de português no estrangeiro, disse, reconhecendo, no entanto, que em países como a França "ainda há bolsas" onde ainda não foi possível chegar.
"Com as restrições orçamentais que temos e com o que foi o passado recente, não podemos subir de repente de 320 professores para 400 ou 500 como gostaríamos", disse.