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Portugal alerta países que decisões sobre vacina da AstraZeneca "afectam todos"

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A presidência portuguesa da União Europeia alertou hoje os Estados-membros que "decisões individuais afetam todos" relativamente ao uso da vacina da AstraZeneca, envolta em riscos de coágulos sanguíneos, pedindo uma "posição o mais coordenada possível" entre os 27.

Num comunicado divulgado após a reunião virtual dos ministros europeus da Saúde, convocada de emergência e presidida pela ministra portuguesa da tutela, Marta Temido, lê-se que "a Comissão Europeia e a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia apelaram a todos os Estados-membros para que procurem uma posição o mais coordenada possível na UE".

Citada pela nota, Marta Temido sublinha: "Não devemos esquecer que as decisões individuais afetam todos".

A presidência portuguesa do Conselho da UE promoveu hoje uma reunião de emergência, por videoconferência, dos ministros europeus da tutela, que se realizou depois do anúncio público das conclusões do relatório do Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da Agência Europeia do Medicamento (EMA) sobre a segurança da vacina AstraZeneca.

A agência europeia divulgou que existe uma "possível relação" entre a vacina contra a covid-19 da farmacêutica AstraZeneca e a formação de "casos muito raros" de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco face aos riscos de efeitos secundários, dada a gravidade da pandemia.

"Esta é uma decisão técnica, não uma decisão política. Devemos continuar a seguir a melhor informação científica disponibilizada pela EMA nos seus pareceres", adianta Marta Temido na declaração divulgada à imprensa no final da reunião.

A diretora executiva da EMA, Emer Cooke, participou nesta reunião virtual, tendo garantido aos ministros da tutela que o regulador europeu vai "continuar a acompanhar eventuais efeitos secundários, desta e de todas as vacinas contra a covid-19, atualizando recomendações em caso de necessidade", segundo o comunicado.

A nota dá ainda conta, sem precisar, que "os Estados-membros da UE partilharam diferentes interpretações sobre as conclusões do relatório, tendo procurado, no entanto, clarificar com a EMA aspetos relacionados com a segurança da Vaxzevria", o novo nome do fármaco da AstraZeneca.

"Todos concordaram na necessidade de mais estudos de farmacovigilância para grupos específicos", indica o comunicado divulgado pela presidência portuguesa do Conselho.

É ainda referido que, "estando os planos de vacinação nos Estados-membros numa fase crucial da sua concretização, os ministros assumiram o compromisso de prosseguir com prioridade a discussão de matérias relacionadas com todo o processo europeu e o seu planeamento futuro".

Nesta investigação, a EMA verificou que estes casos muito raros de coágulos de sangue ocorreram, principalmente, em mulheres com menos de 60 anos de idade, no prazo de duas semanas após a vacinação, embora não tenha chegado a qualquer conclusão sobre fatores de risco específicos.

Uma possível explicação poderá estar na baixa resposta imunológica destas pessoas, mas também no facto de mais mulheres estarem a ser vacinadas na Europa.

Haverá uma nova atualização da informação sobre a vacina, dadas as conclusões hoje divulgadas.

Dados divulgados pela Comissão Europeia revelam que, até esta manhã, 15,4% dos adultos europeus receberam uma primeira dose da vacina contra a covid-19, havendo 6,4% foram totalmente vacinados.

Ao todo, mais de 108 milhões de doses foram entregues à UE, num ritmo médio de mais de um milhão de vacinações que ocorrem todos os dias (dadas as mais de 11 milhões de doses foram administradas na última semana).

Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE pela EMA: Pfizer/BioNTech (Comirnaty), Moderna, Vaxzevria (novo nome da vacina da AstraZeneca) e Janssen (grupo Johnson & Johnson, que estará em distribuição em meados deste mês de abril).