Ressurreição de Jesus é o acontecimento
Bispo do Funchal destacou a importância do evento cristão que “transforma, converte, revoluciona e une”
“Erupção de Deus na história humana; verdadeiro abraço divino ao nosso universo, vindo da profundidade celestial da realidade divina”. É assim designada pelo Bispo do Funchal D. Nuno Brás a ressurreição do Senhor Jesus, ponto alto da vida cristã, comemorado neste domingo na Sé do Funchal. Na homilia na catedral, o líder da igreja na Madeira destacou a perseverança deste acontecimento no tempo.
‘Sabeis o que aconteceu’, começou D. Nuno Brás abordando a leitura dos Actos dos Apóstolos, recordando quando S. Pedro entrou na casa de Cornélio, um centurião romano, e anunciou a boa-nova da ressurreição de Jesus. “O Apóstolo não enuncia uma doutrina, mas recorda ‘o que aconteceu’. Pedro não faz um discurso filosófico ou doutrinal ou (muito menos) partilha um sentimento feliz ou uma opinião discutível. Pedro refere-se a acontecimentos — melhor: ao acontecimento que é Jesus, em toda a sua vida, em toda a sua pessoa”, sublinhou D. Nuno Brás, lembrando que o acontecimento “é Jesus que, cheio do Espírito Santo, faz o bem e cura”.
Em contraste com o bem que Jesus realiza, a leitura evidencia o mal que lhe fizeram e a superação do filho de Deus ao ressuscitar, destacando ainda D. Nuno Brás a mensagem deixada por Jesus aos apóstolos, para ir pregar. “Aquilo que é anunciado e transmitido consiste, pois, numa sucessão de acontecimentos em que Deus actua, desvela a sua presença e se manifesta, para que todos o possam acolher livremente”.
“Também o acontecimento que hoje, aqui, estamos a viver nesta celebração, se integra na sucessão daqueles acontecimentos, ligando-nos àquele primeiro Domingo de Páscoa”, afirmou. “A ressurreição do Senhor Jesus — erupção de Deus na história humana; verdadeiro abraço divino ao nosso universo, vindo da profundidade celestial da realidade divina — é, pois, um acontecimento. Quer dizer: manifesta-se na história. Em tempos e lugares concretos. Não é uma teoria. Não é uma opinião. Está ali, presente, à espera que o acolhamos e dele retiremos todo o significado para a nossa vida e para a vida do mundo.”
Nesta intervenção, D. Nuno Brás eleva a Ressurreição ao ponto máximo da existência. “É mesmo ‘o’ acontecimento”, declarou. “Quer dizer: não é algo que seja tão comum, corriqueiro, que deixe de merecer atenção. Pelo contrário: a ressurreição de Jesus é o acontecimento por antonomásia. É aquele agir de Deus na história humana que transforma, converte, revoluciona e une, e que, por isso, constitui o marco que divide a história num antes e num depois.”
Depois da ressurreição, recorda D. Nuno Brás, a morte deixou de ser o fim e Deus deixou de ser um ser distante. “Agora que Jesus venceu a morte, agora que um entre nós destruiu o poder do inimigo que tinha prisioneiro o ser humano, que medo poderá existir que não seja, também ele, destruído pelo Espírito do Ressuscitado? Agora que Jesus venceu a morte, como não dirigir o nosso olhar para o horizonte infinito e feliz da vida eterna? Agora que Jesus venceu a morte, como desviar o nosso coração do Pai, que sempre nos acolhe, perdoa e faz a festa da vida?”, questionou o bispo. “A ressurreição do Senhor é o acontecimento que vale a pena ser vivido em cada dia; o acontecimento que nos transforma interior e exteriormente — a nós e à História. É o acontecimento que faz surgir, no meio do tempo, a constante novidade de Deus”.