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Flashes

Em primeiro, a pandemia de cada dia nas ilhas de Cabo Verde. O novo máximo de infecções diárias, ontem em 409 casos (rácio diabólico no pouco mais de 530 mil habitantes), torna tudo num longo e escuro túnel, com aquela luzinha que não se extingue, mas ali indecisa que nem conto. Torna tudo inadmissível e intolerável. É covardia estarmos a compor brilho às estrelas e fulgor ao arco-íris, diante da realidade já tão antenada à morte.

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E haja cabedal para outros ofícios e funções. Praia- Cidade Capital. Da República (Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento). Praia-Cidade, irmanada à Cidade Velha Matricial. Da Nação, à escala insular e diaspórica (Nação Global Cabo-verdiana). Em festa...pese~lhe embora o descompasso ambiental, social, urbanístico, tudo a adentrar-se na Ilha e seu “korpinhu d’algudon”. Um oceano e um céu imensos, mormente navegáveis, entrementes sem redenção!

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Volta e meia, quando assim, efeméride, quando outrossim, catástrofe, o carrossel onde és toda lembranças, vivificâncias, loas, contos, cantos, encantos, alvíssaras e foguetórios. E tu cada vez mais esta Babel danada, às vezes abrenunciada de poemas premonitórios - “Sonho de Amanhã”, de António Nunes e “Quando a Vida Nascer”, de Mário Fonseca - dos teus ditosos filhos.

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Hoje, 29 de abril, exaltando há 163 anos seres Cidade, outrora Vila, a querer-se ora Metrópole de Santiago Sul; o novo-riquismo a oficiar-te o aparelho constitucional, institucional, político, económico, social e cultural. Praia Maria...põe-te desperta ao almanaque de lembranças, põe-te ao arrenego da vaidade dos deuses predatórios e, agora baixinho, em sussurrada voz de amante, não te deixes seduzir pelas mãos com zero projeto de amor e pelos lançados que te arrebatam de assalto..

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Pandemia e Cidade, às quais somos convocados na proa das ilhas. Penso (criticamente), logo existo (em verdade, resistimos). É o que esse pessoal não nos quer: no direito, na prerrogativa, na liberdade...de pensarmos com as nossas próprias cabeças.