Artigos

Dúvidas

Nesta pandemia, quando é que a nossa economia e até a sociedade como um todo, foi mais saudável?

Nos últimos tempos, existem várias polémicas e acontecimentos que me levam a questionar se estaremos mesmo a centrar as discussões no que realmente importa. Vejamos uma pequena amostra para reflexão:

O melhoramento da estrada das Ginjas (sim, porque a estrada efetivamente existe mas em terra) tem suscitado um acesso debate entre os defensores do “não se toca” e dos que dizem que “tem de se fazer”. Reconheço argumentos válidos de ambos os lados, mas muitos outros parecem-me uma idiotice. Mas o que realmente me faz confusão é ninguém questionar se a nossa floresta endémica, como um todo, está saudável. Qual a dotação financeira do nosso orçamento e quais os verdadeiros planos ativos para a sua preservação perante as ameaças das espécies invasoras, alterações climáticas e a falta de uma educação cívica que permita uma utilização saudável da nossa floresta. Da dotação anual, qual é que efetivamente é executada e qual a monitorização das ações desenvolvidas para aferir se estamos a ir no caminho certo. Se há causa efeito nas medidas adotadas.

Um único navio encalhado conseguiu provocar um prejuízo de milhões e milhões na economia mundial com reflexos completamente impensáveis, inclusive, no preço do petróleo. Alguém já pensou que, com este acidente, a “caixa de pandora” abriu-se para eventuais ações premeditadas por pessoas mal intencionadas? Sem derramar uma única gota de sangue, nos sítios certos, os reflexos negativos potenciais podem fazer-se sentir no mundo inteiro.

Há uma conta que não me sai da cabeça, porque não sei responder. Nesta pandemia, quando é que a nossa economia e até a sociedade como um todo, foi mais saudável? Quando estivemos praticamente fechados ao exterior e com restrições de entrada muito exigentes, mas não havia o confinamento que há agora, e de certa forma tivemos uma vida quase normal, ou agora com estas restrições de horários, escolas fechadas mas com restrições menos apertadas para a entrada de pessoas? A resposta a esta questão, seja qual for, daria panos para mangas sobre aquilo que estão a ser as opções destes governos na gestão desta pandemia. Apesar da diminuição das receitas do turismo, que sejamos honestos com esta “economia a funcionar” continuam a ser muito menos que migalhas, com os apoios certos não só ao tecido empresarial mas, acima de tudo, a todas as famílias sem restrições, será que a economia regional não subsistia melhor com um controlo muitíssimo mais apertado de entradas (com isolamento mesmo) mas sem tantas restrições internas e atuações mais robustas e céleres nos casos identificados?

Vejamos por exemplo o caso da Nova Zelândia, que nunca diminuiu as suas exigências de entrada e nos pequenos casos de focos agiu prontamente e sem contemplações e, cuja população viveu com quase normalidade contrastando com o resto do mundo.

Para terem um noção do nível de ação, segundo uma agência noticiosa, recentemente o governo da Nova Zelândia levantou um bloqueio de três dias em Auckland, que é somente a cidade mais populosa do país, apesar de não ter encontrado a fonte de um ressurgimento da estirpe britânica do vírus que afetou apenas três membros da mesma família.

Igualmente para terem um noção do nível de sucesso, a Nova Zelândia, com cerca de 4,8 milhões de habitantes, acumulou desde o início da pandemia um total de 2.350 infeções e 26 mortes. A Região no dia 02 de abril tinha um total de 8.412 e 71 mortos. Dá que pensar, não?

Se no início tive algumas dúvidas sobre a abertura das escolas até ao 6º ano, creches e jardins de infância, hoje confirma-se foi uma boa opção por parte do governo regional. É certo que tivemos casos nas escolas e que tiveram de fazer uma gestão e um acompanhamento caso a caso, e não é menos verdade que eventualmente uma ou outra situação tenha sido mal gerida, mas neste caso, e porque não ocorreram casos graves com crianças e os casos foram controlados, o benefício de não ter crianças tão pequenas tanto tempo em casa compensou o risco.

As autárquicas estão aí à porta e as movimentações já começaram. Será que o PSD Madeira realmente aprendeu alguma lição com o que aconteceu nas últimas eleições? Nas câmaras que se pretende recuperar, não vi um trabalho de preparação de candidatos, não os vi a fazerem uma oposição visível e credível e em prol das populações. Não me julguem mal, vi o PSD na oposição a trabalhar, mas não vi um candidato a ser preparado e a conquistar as populações com o tempo devido. Será que se julga que se ganham eleições com candidatos lançados à última?

O caso da Sara Madalena, na Ponta do Sol, mostra claramente um desnorte do CDS com coligação PSD-CDS. Veremos se a cisão com quem está a fazer um trabalho muito relevante, colocando os interesses da população acima de partidarismos, não sairá caro ao PSD também por ricochete. Ao CDS poderá revelar-se um dano irreparável, mas provavelmente apenas para quem ocupa o seu poder no momento... Veremos.

Sempre aprendi e penso que a história tem demonstrado, que grandes crises e acontecimentos menos bons, geralmente levam as sociedades a reinventarem-se, a reagirem, a adaptarem-se e a fazerem correções no seu rumo. O que é que a sociedade Madeirense aprendeu com os tempos difíceis em que vivemos? Vamos mudar procedimentos de forma a realmente agilizar a relação do cidadãos e o poder local e regional? Vamos criar novos planos e estratégias de emergência económica e social para conseguirmos responder de forma mais rápida e efetiva a situações como a que vivemos agora? Estamos a pensar sequer, fazer alguma coisa para não estarmos tão dependentes do exterior? Será ou não viável criar parcerias pública ou privadas e no limite intervenção unicamente pública em setores que alavanquem o desenvolvimento de alguma indústria regional?

A violência doméstica é o crime com mais peso regional. Em 2020 foi o tipo de crime com mais participações. Será que isto não nos envergonha enquanto sociedade? Movimentação ou “sobressalto” social de forma a pedir uma urgente revisão da legislação, onde anda?

P.S1- Quem for vacinado tem de continuar a respeitar todas as medidas de proteção: uso da máscara, distanciamento social e etiquetas de higiene e respiratória. Quem é vacinado pode ser infetado com coronavírus e pode infetar outros. Não podemos ser egoístas ao ponto de nos sentirmos protegidos e não nos importarmos com os outros. Não podemos diminuir ainda a nossa atenção. Professores, educadores de infância e demais, continuem com os mesmo cuidados pelas nossas crianças.

P.S.2- Hoje celebramos a Páscoa ou Domingo da Ressurreição, que este dia sirva para que se reflita um pouco do nosso propósito, do que podemos fazer para tornar o nosso mundo um pouco melhor e os que nos rodeiam mais felizes. Que se desprendam das amarras do passado e comecem a olhar para o presente e futuro. Aproveitem as portas que se abrem como novas oportunidades que a vida proporciona.