Polícia experiente de Minneapolis considera injustificada a força usada
O agente mais experiente da Polícia de Minneapolis, Richard Zimmerman, considerou hoje em tribunal "absolutamente desnecessária e injustificada" a "força mortal" usada por um ex-polícia para controlar o afro-americano George Floyd, que morreu asfixiado em maio.
Richard Zimmerman é polícia há cerca de 30 anos, 25 dos quais em Minneapolis, e é uma das testemunhas no julgamento de Derek Chauvin, o antigo polícia de Minneapolis acusado do homicídio de George Floyd. O julgamento começou na segunda-feira e tem sido transmitido pela televisão.
Zimmerman, que se apresentou na audiência como "o número um em antiguidade", dirige a unidade de homicídios da Polícia de Minneapolis e, nesta qualidade, supervisionou o início da investigação interna à morte por asfixia de George Floyd, em 25 de maio de 2020, na via pública, e que chocou os Estados Unidos e o resto do mundo, que saíram à rua em manifestações contra o racismo e a violência policial.
Nesse dia, quatro agentes da Polícia de Minneapolis prenderam Floyd, negro, por supostamente ter usado uma nota falsa de 20 dólares (17 euros) num supermercado.
Depois de algemado, George Floyd foi imobilizado no chão. Derek Chauvin, branco, ajoelhou-se sobre o seu pescoço e manteve a pressão durante mais de nove minutos, mesmo depois de o afro-americano ter desmaiado e indiferente aos apelos de transeuntes. A imagem correu o mundo.
Acusado de homicídio, Derek Chauvin, que foi expulso da Polícia de Minneapolis e está detido, declara-se inocente e alega que seguiu uma prática autorizada para controlar um suspeito reincidente e potencialmente perigoso.
"Não vejo porque é que os agentes se sentiram em perigo", disse em tribunal o agente Richard Zimmerman, acrescentando que o risco de um polícia ficar ferido "diminui fortemente" quando um suspeito está algemado.
"Colocá-lo de bruços com um joelho no pescoço por tanto tempo foi simplesmente injustificado, absolutamente desnecessário", afirmou Zimmerman, acentuando que "ajoelhar sobre o pescoço de alguém pode matar", é uma "força mortal".
O polícia salientou que na sua formação foi informado sobre os riscos de deixar alguém caído de bruços. "Tem de ser o mais breve possível, porque isso dificulta a respiração", sublinhou.
O advogado do ex-agente Derek Chauvin procurou descredibilizar o testemunho de Richard Zimmerman ao sugerir que a formação dos polícias terá mudado.
Zimmerman retorquiu que manter alguém caído de bruços é sempre perigoso. "Isso não mudou".
As sessões do julgamento de Derek Chauvin retomam na segunda-feira e deverão continuar mais duas ou três semanas, esperando-se um veredicto no fim de abril ou no início de maio.
Os outros três polícias implicados, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, serão julgados em agosto acusados de cumplicidade no homicídio.