Madeira

Obrigado José Câmara

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Boa noite!

Amanhã, sexta-feira, 30 de Abril, o dia não vai começar como habitualmente nas últimas décadas. José Câmara, no DIÁRIO desde 10 de Setembro de 1984, optou por reformar-se. Ficamos todos a saber hoje de tamanha e respeitável decisão pelo próprio, como sempre quis que assim fosse – sim só hoje! e nunca antes, dada a elevada consideração e respeito por quem sempre foi educado e soube guardar segredo.

É hora de agradecer por tudo o que fez para que a nobre missão de informar estivesse sempre ao serviço dos madeirenses, onde quer que vivessem e por tornar esta admirável causa colectiva um projecto de vida.

Obrigado José Câmara…

Por ser um resistente, sem medo, nem preconceitos.

Por colocar o DIÁRIO num plano elevado fazendo com que se tornasse património dos madeirenses, espaço de exercício da cidadania descomplexada e da intervenção geradora de desenvolvimento.

Por nos incentivar às perguntas incómodas, a não deixar morrer assuntos e a fazer com que o importante fosse interessante.

Por ser criativo e interventivo, quando abraçamos o Palácio fazendo que fosse “meu, seu e nosso”, quando fomos capazes de ser ‘todos pelo CINM’ e quando percorremos as comunidades apostados simplesmente em ‘saber ouvir’.

Por zelar incessantemente pelas liberdades, entre as quais as de imprensa e de expressão.

Por não permitir a invasão do nosso espaço intocável e tudo fazer para que a dimensão editorial fosse inegociável.

Por nunca nos ter censurado nem pressionado de forma gratuita, nem ter tido a tentação de querer saber o que sai na edição do dia seguinte!

Por nos ter ensinado com elevada sabedoria a contar até dez antes de tomarmos decisões fracturantes.

Por tudo o que nos transmitiu, dando o exemplo, de como ser líder, profissional dedicado e com respeito pelo mercado.

Por ser frontal, cúmplice das grande causas e valores que nos tornaram referência num contexto em que foi preciso afirmar o pluralismo.

Por ser pragmático na hora decidir em contextos em que há sempre tendência para protelar e nada deliberar.

Por ter coragem de enfrentar a crueldade ditada por aquele que nos quis aniquilar sem sucesso, através da concorrência desleal e selvagem.

Por ter visão e tudo ter feito para cumprir o seu lema, que para haver independência editorial é elementar existir independência financeira.

Por ser determinado em vários momentos marcantes da nossa história,  mesmo nos mais severos e em que perdemos colegas, mas também nos mais audazes, quando foi obreiro da cor, dos eventos, dos concursos, da digitalização do arquivo, e de um legado presente em três volumes do nosso percurso existencial, ou quando gerou esperança,  em forma de 'Chapéu' ou de futuro, o último dos quais, quando em Agosto do ano passado, assumiu com clareza a Redacção como motor de toda empresa.

Por ser um amigo para a vida, a outra, a mais importante, a essencial, que não se esgota na gestão das empresas e das marcas, das estratégias e dos conflitos, das conquistas e dos dramas, e que nos tornará irremediavelmente inseparáveis.

Muito obrigado José Câmara.

Por agora, faltam-me as palavras que amavelmente, e em jeito de provocação, com aquela subtileza que faz escola, sempre pediu que não escrevesse sobre si. Mas domingo há mais!