Mundo

Polícia brasileira desmantela rede de tráfico de mulheres com ligações a Portugal

None

A Polícia Federal (PF) brasileira desencadeou esta terça-feira a "Operação Harém BR", para desarticular um grupo criminoso ligado ao tráfico de mulheres para exploração sexual, em São Paulo, com suspeitas de ligação a Portugal, entre outros países.

Em comunicado, a PF indicou que deu cumprimento a nove mandados de busca e apreensão e a oito mandados de prisão preventiva. Destes, cinco mandados foram incluídos na lista procurados da Interpol, mais precisamente em Portugal, Espanha, Paraguai, Estados Unidos e Austrália, diante da suspeita de que alguns dos investigados estejam nesses países.

Já no Brasil, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de São Paulo, Goiânia, Foz do Iguaçu, Venâncio Aires, Lauro de Freitas e Rondonópolis.

A operação de hoje é um desdobramento da "Operação Nascostos", que investigava um grupo de burlões que praticava fraudes na internet através da clonagem de cartões de crédito.

Nessa operação foram descobertas compras de passagens aéreas para duas mulheres que viajaram para Doha, no Catar. Ao serem descobertas, as duas mulheres alegaram ser vítimas de exploração sexual, com os seus direitos limitados.

Com o avanço das investigações, a PF identificou uma rede de agentes que promovia a exploração sexual, no Brasil e noutros países.

Os investigadores descobriram centenas de vítimas de exploração sexual, a maioria de São Paulo. Após o aliciamento, as mulheres viajavam para um determinado país e muitas delas sofriam pressões psicológicas para prolongar a estadia e continuar o serviço de prostituição.

De acordo com estimativas dos agentes policiais, essas mulheres poderiam conseguir pelos serviços prestados, numa única viagem, até 50 mil euros, segundo a Agência Brasil. Após o período de exploração, que poderia durar semanas ou meses, todas regressavam ao Brasil.

Até ao momento, a investigação apurou que os países para os quais houve viagens para fins de exploração sexual foram Brasil, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Catar e Austrália. Há ainda indícios de que, nalgumas viagens ao Paraguai, foram aliciadas jovens menores de 18 anos.

Em causa estão os crimes de favorecimento da prostituição ou exploração sexual de crianças ou adolescentes, tráfico de mulheres para fins de exploração sexual, falsidade material e/ou ideológica e uso de documento falso, e favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual.