O desígnio Atlântico verde e azul
As questões ligadas à natureza e, por conseguinte, à ecologia, ao ambiente e ao mar, encaro-as como um desígnio, um imperativo, por entender que subjacente a essa minha preocupação está a noção de que a biodiversidade é um bem-comum, património dos povos e das nações.
A propósito do clima e das alterações climáticas, há textos que interpelam a nossa consciência pelo seu conteúdo e contexto. Recordo, a propósito, uma das passagens da encíclica do Papa Francisco “Laudato Si” – sobre o cuidado da Casa Comum, a Terra – que nos diz muito sobre o nosso comportamento e relacionamento com a natureza. “Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus; quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas húmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar… tudo isso é pecado.”
Revejo-me nesta reflexão papal porque, ao longo da minha vida, tenho procurado reforçar o meu interesse e conhecimento científico por este tema. É disso exemplo a minha participação na política, onde sempre defendi que a ação governativa deve pautar-se por uma atuação mais sustentável e amiga do ambiente.
Tenho procurado compreender melhor o que está a provocar o aquecimento global e tenho partilhado publicamente algumas dessas aprendizagens, como quando fiz uma visita científica à Gronelândia, quando fui orador numa iniciativa realizada no cais da Avenida do Mar, durante a campanha para as eleições regionais, e no debate potestativo sobre o ambiente e as alterações climáticas que propus, em nome do CDS, e foi debatido na Assembleia Legislativa da Madeira.
É por isso com satisfação que constato que o CDS Açores, agora com responsabilidades governativas no Arquipélago, faz deste tema uma das suas principais prioridades, e assume o desígnio do Atlântico verde e azul.
O jovem secretário regional do Ambiente e Alterações Climática, o centrista Alonso Teixeira Miguel, revela numa entrevista que o novo governo regional dos Açores assumiu o compromisso do desenvolvimento sustentável.
Alonso Miguel explica que uma fatia de leão dos milhões da chamada “bazuca” europeia, contemplados no Plano de Recuperação e Resiliência, têm como destino a transição ecológica, a transição energética e o cluster do mar. No total dos 580 milhões de euros a que os Açores têm direito, 37% são para investir nas áreas do ambiente, clima e mar (a Madeira aplicará 10% nas mesmas áreas).
O objetivo é preparar os Açores para o impacto das alterações climáticas, mitigando os seus impactos negativos. Aliás, estudos científicos antecipam que as variações das temperaturas na Região Autónoma da Madeira em 50 anos, poderão ser até duas vezes maiores do que na Região Autónoma dos Açores.
O clima e as alterações climáticas são dos maiores desafios que estão colocados à Humanidade. Esta preocupação do Governo Regional dos Açores, definindo como prioridade da sua ação política o desenvolvimento sustentável, com ênfase no clima, é um compromisso alinhado com as preocupações das nações amigas do ambiente.
É uma diferença que se regista, esta de preservar a biodiversidade e se comprometer em não desnudar as florestas, por que, na realidade, muito diferente de construir na paisagem, é restaurar a paisagem.
Partilho por isso com alguma satisfação e por que não assumir, com orgulho até, saber que há quem no CDS Açores defenda, de forma séria, sem radicalismos, a sustentabilidade do nosso desígnio do Atlântico verde e azul, e assim se liberte do “pecado” de que fala o Papa Francisco.