Cardeal Tolentino faz triplo apelo: conexão, conversão e confiança
Na conferência de abertura da Cimeira das Regiões de Saúde, que teve início esta manhã na Universidade da Madeira, o cardeal Tolentino Mendonça afirmou que “a epidemia apanhou as nossas sociedades despreparadas”, expôs as suas vulnerabilidades e mostrou que as tragédias não acontecem apenas na televisão e longe, mas que também “é uma oportunidade de nos reencontrarmos”.
Numa intervenção gravada e transmitida aos participantes neste evento, Tolentino Mendonça apontou o confinamento como um exemplo de uma experiência que serviu para “nos sentirmos uma comunidade” interdependente e solidária e também para “reaprendermos como estar em família”. “Todos contam. Ninguém se salva sozinho”, sublinhou, citando o Papa Francisco.
Por outro lado, o cardeal madeirense apelou a uma reaprendizagem com base em três palavras-chave: conexão, conversão e confiança. Conexação porque precisamos de perceber que não podemos continuar a ”actuar no mundo como se estivéssemos sozinhos”, até porque “o número das epidemias crescerá porque não temos respeito pelos ecossistemas”. Em segundo lugar, “os nossos estilos de vida precisam de conversão” porque “exibem um desinvestimento no humano” e “precisamos de modelos mais integrativos”. A este respeito, Tolentino indicou o exemplo “o heróico empenho dos profissionais de saúde que inspiram o arranque de um tempo novo”.
Por fim, apelou às “apostas de confiança na vida” porque a pandemia não pode representar “apenas o triunfo do medo, do terror do que pode acontecer”, pelo que “este deve ser o tempo para semear” e de seguir e conservar “todas as histórias de amor que estão a ser escritas” por quem se sacrifica para que os outros possam prosseguir a sua vida. A este respeito, exibiu uma célebre foto de uma enfermeira italiana que, exausta, em plena crise do Covid-19, adormeceu em cima do teclado do computador do hospital.