Abril

Tinha 7 anos, quando ocorreu o 25 de abril de 1974. Ainda me recordo de alguns atentados bombistas, tão frequentes na época. Recordo-me, porque me diziam, que havia censura na imprensa, que havia o famoso "lápis azul", que as mulheres não podiam votar, que não podia haver ajuntamentos, de mais de duas pessoas, que havia a polícia política (PIDE), que havia tortura para os antagonistas ao regime, que até para fumar era necessária a "autorização de isqueiro", que nas Escolas, nas salas de aula, os alunos só se sentavam, depois do Professor(a), que era normal um aluno respeitar o Professor, que o Professor era encarado como "pedra basilar" de todo o sistema de educação. Enfim, outros tempos!

Depois de 47 anos, muita coisa mudou, felizmente. A sociedade está diferente, os comportamentos são outros, a maneira de pensar a realidade, alterou-se drásticamente. A forma de "fazer política" é diferente. O relacionamento entre eleitores e eleitos é diferente. A indiferença dos jovens pelas "questões políticas" é preocupante e marcante, não havendo, por parte da atual classe política, sinais positivos para inverter a situação. Aprendamos todos com o passado. Tiremos as devidas ilações. Nem tudo o que é passado se deve desprezar, mas também, nem tudo o que é presente se deve manter, ou elogiar.

A grande mudança qualitativa, em qualquer sociedade, passa sempre, em primeiro lugar, pela CULTURA DOS SEUS CIDADÃOS!

Roberto Silva