Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira defende uma “forte identidade cultural” para mais Autonomia
“Esta aspiração de termos mais autonomia, de ampliarmos os nossos poderes e competências, tem de ser sustentada numa forte identidade cultural. Quanto mais forte for esta identidade, mais fortes serão os nossos argumentos políticos para, perante o Governo central, perante o Estado, alcançarmos o objetivo a que nos propomos neste momento, que é o de ampliar a autonomia”. As palavras são do Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, que presidiu, esta segunda-feira, à sessão de abertura da 4.ª edição do aCORDE, evento sob a égide da Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, realizado através da Direção Regional de Educação – Direção de Serviços de Educação Artística, que o parlamento madeirense vem acolhendo, e que decorre até ao próximo dia 30 de abril, no âmbito do Dia Regional dos Cordofones Tradicionais Madeirenses.
Num dia que ficou marcado pela inauguração de uma exposição que contempla meia centena de desenhos/pinturas, assinados por alunos de 18 escolas do ensino básico e do ensino secundário da Região, concebidos sobre tampos de madeira, correspondentes aos cordofones madeirenses, à escala (1:1), o presidente do parlamento regional não poupou elogios ao trabalho desenvolvido por professores e alunos e sublinhou a força simbólica de um acolhimento que veio para ficar. “Nós estamos na casa da democracia e da Autonomia, que pretende também ser uma casa de cultura e das artes, porque foi a nossa identidade cultural, forjada ao longo de seis séculos de história, que permitiu sustentar a conquista da própria autonomia.”, afirmou José Manuel Rodrigues, acrescentando que “não é por acaso que a Constituição da República Portuguesa preceitua que a Autonomia é o reconhecimento de uma velha aspiração socioeconómica, mas também cultural, das gentes da Madeira e dos Açores.”, justificando que foi também a cultura “que nos permitiu conquistar a Autonomia que hoje temos”.
O presidente do parlamento entende que faz, por isso, todo o sentido que a Assembleia Legislativa, enquanto primeiro órgão de governo próprio da Região, e representante do povo da Madeira e do Porto Santo, seja também uma casa de cultura e uma casa que procure, de todas as formas, reforçar a identidade cultural insular da Madeira e do Porto Santo”.
O Secretário Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, Jorge Carvalho, fez questão de enaltecer o orgulho numa iniciativa que “torna visível todo o trabalho desenvolvido nas nossas escolas”, fruto de “uma dedicação muito aprimorada dos nossos professores”, disse, acrescentando que “só essa competência possibilita a qualidade dos trabalhos que os alunos apresentam”. O governante notou, ainda, que “o consumo das artes é, sem dúvida alguma, algo de relevante e que a educação vai muito além da simples aquisição de conhecimentos. “Não estamos só a transmitir conhecimento, não estamos sós a formar para o momento. A verdadeira educação é aquela que cria alicerces para que o indivíduo, ao longo do seu percurso de vida, possa ter um desempenho de grande qualidade em termos profissionais e sociais”, lembrou.
Depois dos discursos protocolares e de uma visita guiada à exposição, foi tempo de escutar os cordofones, pelas mãos de dois alunos do Conservatório da Madeira e do professor Roberto Moniz.
A exposição aCORDE ficará patente no átrio da Assembleia Legislativa até ao dia 30 de abril de 2021, data em que o evento chega ao fim, com uma conferência proferida pelo investigador Paulo Esteireiro, intitulada “O processo de valorização dos cordofones tradicionais da Madeira: de Carlos santos ao parlamento”, seguindo-se a sessão de entrega dos troféus Carlos Santos e Cândido Drummond de Vasconcelos, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa.
A 4.ª edição do aCORDE encerrará, como não poderia deixar de ser, ao som da música dos cordofones tradicionais madeirenses, num concerto protagonizado pelo Quarteto Moritz.