Madeira exige inclusão das regiões autónomas nas medidas de apoio
Uma resolução da Assembleia Legislativa da Madeira, hoje publicada em Diário da República, exige que as regiões autónomas sejam incluídas em todas as medidas de apoio implementadas devido à crise pandémica da covid-19, criticando a falta de solidariedade da República.
Esta resolução, aprovada em sessão plenária no parlamento madeirense em 11 de março de 2021, destaca que a pandemia da covid-19 interrompeu um ciclo consecutivo de crescimento económico que somava 80 meses e afetou um dos principais setores de atividade da região, o turismo, com "fortes repercussões e implicações no tecido empresarial".
O diploma realça que "o Governo Regional implementou, de imediato, medidas que tiveram sempre como foco o apoio às famílias e às empresas", e que foram sendo adaptadas em função da evolução da pandemia.
"Mas todas as medidas implementadas foram suportadas pelo Orçamento Regional e pelos contribuintes regionais, sem qualquer solidariedade do Governo da República, apesar de o executivo regional, desde o início deste processo, ter sempre procurado o diálogo e a cooperação institucional", salienta.
Entre outros aspetos, o articulado refere que o executivo madeirense (PSD/CDS-PP) solicitou em 20 de março de 2020 apoios diretos ao Governo da República, além da suspensão dos artigos da Lei das Finanças de regional relacionados com o equilíbrio orçamental e limite da dívida, e a remissão do pagamento dos encargos decorrentes do empréstimo do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) da região, para poder ter mais meios de enfrentar a pandemia.
"Estas propostas foram apresentadas na Assembleia da República, mas ficaram reféns da total indisponibilidade e indiferença do Governo da República e da maioria parlamentar", destaca, considerando que deveria ser cumprido o princípio da solidariedade.
A resolução enfatiza que, "apesar da postura proativa da região, nem um euro de apoio chegou" à Madeira e o Governo nacional "decidiu apenas em sede de orçamento suplementar, e mesmo perante as dificuldades e despesas acrescidas pela pandemia, autorizar o aumento do endividamento líquido das suas regiões autónomas, sem sequer garantir as condições de financiamento mais adequadas".
Para fazer face às consequências da pandemia, a Madeira contraiu um empréstimo no valor de 458 milhões, tendo "o Governo de António Costa recusado" dar o aval para permitir a operação com uma taxa de juro mais baixa e uma poupança de 84 mil euros.
A Madeira critica esta "posição discriminatória", que considera "envergonhar um país que lidera o Conselho Europeu" enquanto "ignora o reconhecimento europeu" dado às regiões ultraperiféricas.
"Um país que sabe exigir da União Europeia, com os seus parceiros e dirigentes, mas que não cumpre a sua obrigação com as suas regiões autónomas e com os seus cidadãos insulares, deve corrigir esta discriminação e assumir as suas responsabilidades, contemplando e fazendo com que as linhas de apoio nacionais se estendam à Madeira e aos Açores, pois a sobrevivência das nossas empresas também é a sobrevivência das empresas portuguesas", argumenta.
O texto censura o facto de as regiões autónomas estarem excluídas de programas de apoio às empresas, como o Apoiar, que têm aplicação no território nacional.
De acordo com os mais recentes dados da Direção Regional de Saúde, a Madeira contabiliza 8.879 casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia, com 8.534 doentes curados, 71 óbitos associados ao novo coronavírus e 274 casos ativos.