Carta do outro mundo!
Eram quatro horas e um quarto, quando acordei sobressaltado.
Acabara de ter um sonho que me deixou apavorado!
Alguém muito sério e olhar profundo, entregava-me uma carta vinda do outro mundo.
Ao ver quem ma remeteu, o meu corpo estremeceu!
Era do meu avô que há dezenas de anos Deus Nosso Senhor o levou
Será que por Deus ainda não foi perdoado e pede na carta que lhe mande celebrar uma missa para desconto dos seus pecados?
Mas não. Pelos vistos já havia adquirido o perdão.
A carta escrita para mim, dizia assim:
- Meu neto, estou a te escrever, para te dizer que estou bem, e bem estão todos os familiares teus. Vivemos em paz, em harmonia, em glória no Reino de DEUS.
A nossa preocupação, são as notícias pouco abonatórias que chegam daquele que foi o nosso País e daquela que foi a nossa região, sobretudo em termos de presumível corrupção.
Os teus avós e bisavós e, em parte, teus pais também, viveram num país sempre pobre, quase todos entregues à sua sorte de modo que não estranham esse desnorte.
Já nessa altura, ainda antes da ditadura, interrogávamo-nos com tristeza porque havia tanta desordem, tanta incompetência, tanta corrupção, tanta pobreza.
Políticas de descrédito e de ruina nacional levaram ao golpe de estado de 1926, mas aí não esteve o mal.
Farto da escumalha que por todo o País campeava e mandava, todo aquele que surgisse com bom tino, que impusesse ordem, disciplina e levasse o País para a frente era bem-vindo.
E Deus lá sabe se o surgimento da ditadura não teve a ver com os marginais dessa altura.
Quando surgiu a Revolução dos Cravos, rejubilamos aqui no céu com o facto.
Mas logo percebemos que era “sol de pouca dura” pois se não fora o 25 de Novembro teriam caído numa ainda mais feroz e criminosa ditadura!
Nacionalizações absurdas, ocupações miseráveis, greves (algumas) selvagens, saneamentos (políticos) para dar lugar aos amigos e outros atos de vandalismo, mais a irresponsabilidade dos partidos de onde saíram alguns medíocres políticos, depois governantes que traçaram o caminho que pelo País deveria ser percorrido.
Para não falar das descolonizações horrorosas que deixaram milhares de portugueses (brancos) com as mãos atrás das costas e populações negras à mercê de crápulas sem escrúpulos, mercenários que espalharam a morte, o terror, a miséria entre jovens e adultos.
- A entrada na CEE com os milhões e mais milhões dados e emprestados poderia ter sido a “tábua de salvação”, se houvesse quem não permitisse o oportunismo, o roubo e a corrupção.
Hoje, vimos de cá de cima, um País de novo a caminho da ruina, mas sempre fiel às tradições de distribuir medalhas e condecorações.
As que se seguem, aos “militares de Abril”, devem contar com todo o vosso apoio, desde que seja separado o trigo do joio.
Houve militares que, ao juntarem-se a políticos ressabiados e radicais, traíram os ideais, princípios e objetivos da REVOLUÇÃO e esses não merecem qualquer tipo de condecoração.
Mas se forem condecorados, não te melindres, deixa que te passe ao lado.
Lembra-te que o direito desse país sempre foi e continua a ser o direito do cajado!
Juvenal Pereira