Comissão abre desfile na Avenida da Liberdade a todos os interessados que cumpram regras
A comissão promotora do desfile comemorativo do 25 de Abril de 1974 na Avenida da Liberdade, em Lisboa, decidiu hoje abrir o evento à participação de todas as entidades interessadas, embora estabelecendo regras por causa da pandemia.
Em comunicado, a comissão pede a "todos os interessados" na participação no desfile "que não estejam integrados nas organizações que constituem a comissão promotora" que cumpram as regras sanitárias impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
A decisão anteriormente tomada limitava a participação às entidades que integram a comissão promotora, o que levou a uma polémica com os partidos Iniciativa Liberal e Volt Portugal, que estavam impedidos de participar.
A nova posição foi acordada numa reunião virtual da comissão, composta por mais de 40 entidades, que começou pelas 15h30 e se prolongou durante cerca de quatro horas.
De acordo com as regras estabelecidas, qualquer entidade interessada em participar deve comunicar a sua intenção "bem como a identificação e o contacto do respetivo responsável" até às 15h00 horas do dia 24 de Abril para o endereço '[email protected]'.
"O número máximo de cada participação será de doze pessoas (duas filas de seis, separadas de 2 metros)", especifica o comunicado.
Deve ainda ser feito um "registo devidamente autorizado de todas as pessoas participantes no evento, incluindo nome e contacto, bem como a localização exata do bloco constante na organização do desfile, em que irão integradas", para efeitos de contacto no contexto de vigilância epidemiológica da covid-19.
Caso se justifique, as autoridades sanitárias "podem vir posteriormente a solicitar a disponibilização destes registos", explicam os organizadores.
Todas as entidades que queiram participar na celebração devem garantir que os seus participantes "dispõem de máscaras adequadas e em número suficiente e as utilizam corretamente e em permanência, durante a realização de todo o evento" e que levam desinfetante próprio.
Além disto, os participantes devem subscrever "o apelo" à participação difundido pela organização esta semana, no qual a comissão alerta que apenas quem for convidado pode integrar o desfile, que "não se faz apelo à alargada participação popular", convidando todos a cantar a "Grândola Vila Morena" à janela, como no ano passado.
Na mesma nota, a entidade responsável pela organização do desfile, "repudia as especulações e as acusações feitas com eco público".
"Em especial a de que queremos ser donos do 25 de Abril", sublinham.
A comissão esclarece que a opção deste ano de realizar, "não uma manifestação popular", mas sim "um desfile comemorativo, com grande limitação do número de participantes", teve como objetivo garantir o cumprimento das medidas e recomendações de saúde pública "emanadas das competentes autoridades sanitárias" e "procurar evitar que esta importante iniciativa, viesse a ser geradora de potenciais surtos de transmissão".
"Nunca, qualquer sentimento de sectarismo ideológico ou de apropriação de relevantes acontecimentos da nossa história contemporânea", vincam.
Os organizadores esperam "a compreensão e a colaboração de todas e de todos" no cumprimento destas regras, para que a celebração possa decorrer "com a maior segurança e proteção sanitárias".
Esta sexta-feira, antes de ser conhecida a decisão final da comissão, a Iniciativa Liberal anunciou a realização de um desfile próprio para comemorar o 25 de Abril, que também descerá a Avenida da Liberdade, em Lisboa, recusando "ceder a manobras" e garantindo o cumprimento das regras sanitárias devido à pandemia.
Durante a semana, alguns partidos que integram a organização lamentaram a exclusão da IL e do Volt Portugal do desfile, como a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, que defendeu que a decisão mostrou "falta de sensibilidade" e "inabilidade política", rejeitando discursos divisionistas sobre a data e o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que citou o cantor de intervenção Zeca Afonso: "sejam bem-vindos aqueles que vierem por bem".
O Livre chegou mesmo a oferecer quatro lugares da sua comitiva aos dois partidos excluídos.