Parlamento britânico qualifica de genocídio repressão chinesa contra uigures
A Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido aprovou hoje uma moção que qualifica como genocídio e crimes contra a Humanidade a repressão do regime chinês contra a minoria uigur na região de Xinjiang.
A moção foi aprovada por unanimidade após um debate em que foram invocadas as regras da Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, bem como outros instrumentos de direito internacional.
O texto aprovado pelos deputados não vincula o Governo britânico, mas aumentará a pressão sobre o primeiro-ministro, Boris Johnson, para endurecer a sua posição em relação à China.
Em janeiro, o Governo dos Estados Unidos, ainda na era do ex-Presidente Donald Trump, já tinha qualificado como genocídio a repressão de Pequim contra a minoria uigur, embora até agora Johnson tenha preferido não seguir os seus passos e deixar esta questão nas mãos dos tribunais.
A moção foi proposta pelo deputado conservador Nus Ghani, um dos cinco legisladores britânicos que recentemente foram sancionados pela China, por terem criticado o tratamento dado aos uigures.
No exterior do Palácio de Westminster, sede do Parlamento, cerca de 50 pessoas juntaram-se gritando palavras de ordem condenando a ação do Governo de Pequim e apoiando a moção que foi hoje aprovada.
"Cada um de nós, cada uigur, está a pedir ao Governo britânico que vote a favor, porque temos necessidade urgente de ter os nossos familiares de volta a casa. Este genocídio tem de parar", disse Maira Aiseave, membro da comunidade uigur no Reino Unido.
Os participantes da manifestação, maioritariamente da comunidade uigur, transportavam bandeiras britânicas, dos uigures e tibetanas, para denunciar a repressão chinesa contra as minorias étnicas do país.
"Estamos a sofrer estas atrocidades. Estamos a sofrer há quatro anos. Só precisamos que o Governo reconheça o que está a acontecer e aja em conformidade", disse Rahima Mahmut, diretora de um grupo ativista uigur.
Nos últimos meses, os deputados britânicos tinham tentado repetidamente aprovar um projeto de lei com o objetivo de dar ao Supremo Tribunal o direito de decidir se um país está a cometer genocídio, o que permitiria o bloqueio de acordos comerciais entre o Reino Unido e a China, mas as propostas foram rejeitadas pelo governo.
Johnson alertou contra a estratégia de "mentalidade de Guerra Fria" em relação à China e afirmou que é importante cultivar parcerias com Pequim.
No mês passado, o Reino Unido, ao lado da União Europeia, Canadá e Estados Unidos, aplicaram sanções contra um grupo de entidades na China, por causa da questão uigur, provocando uma rápida retaliação de Pequim.
O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, disse que as medidas fazem parte de uma "diplomacia intensiva", para forçar uma ação perante provas sobre graves abusos de direitos humanos contra a minoria muçulmana uigur.