Republicanos no Congresso dos EUA tentam travar criação de fação pró-Trump
Os líderes republicanos no Congresso dos EUA tentaram hoje travar um projeto de fação de congressistas pró-Trump e anti-imigração, liderados por Marjorie Taylor Greene, que defende os valores do lema "América Primeiro".
A polémica surgiu após a divulgação de um projeto de programa para uma fação no Congresso dos EUA elaborado para criar um novo grupo de congressistas eleitos que se identificam com o 'slogan' criado pelo ex-Presidente Donald Trump "America First" (América Primeiro).
"A América é uma nação com uma fronteira e uma cultura, reforçada por um respeito comum pelas tradições políticas anglo-saxónicas", pode ler-se no documento divulgado sexta-feira pelo boletim político Punchbowl News.
"Restringir ainda mais a imigração garantiria que os empregos americanos fossem para os trabalhadores americanos", diz o projeto.
Marjorie Taylor Greene, que desde janeiro representa o estado da Geórgia na Câmara dos Representantes, foi penalizada em fevereiro por comentários polémicos, especialmente pelo seu apoio às ideias do movimento de conspiração QAnon, bem como pelas declarações que pediam a morte de líderes do Partido Democrata.
Num longo comunicado de imprensa, Greene disse no sábado que nunca tinha visto essa proposta de programa para uma fação, que disse ter sido elaborada por "um grupo externo".
Um porta-voz da congressista disse à CNN neste fim de semana que Greene já tinha desistido da ideia de lançar a fação "América Primeiro".
"Acredito na América em primeiro lugar, de todo o coração. E isso significa que gosto de todos os americanos, de todas as raças, credos e cores", escreveu Greene num comunicado.
Contudo, pelo menos um outro congressista pró-Trump, Matt Gaetz, disse na sexta-feira que estava "orgulhoso" por se juntar a Greene na fação "América Primeiro", ao partilhar um artigo divulgado na rede social Twitter que explicava que ele defendia as "tradições anglo-saxónicas".
A mera perspetiva da criação de uma fação de congressistas pró-Trump obrigou a uma reação do líder da minoria republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, ansioso por recuperar a maioria para o seu partido nas eleições intercalares de 2022.
Numa mensagem na sua conta na rede social Twitter, McCarthy disse que o Partido Republicano é aquele que "dá mais oportunidade a todos os americanos", acrescentando que não permitiria "mensagens nacionalistas mal-escondidas".
Num outro sinal de atrito dentro do partido, o ex-líder republicano da Câmara de Representantes, John Boehner, afirmou no domingo que a criação de uma fação "América Primeiro" seria "a coisa mais estúpida" que já tinha visto, pedindo ao seu partido para resistir a essa tentação.