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França e parceiros com "determinação" na luta contra o terrorismo no Mali

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A ministra da Defesa francesa, Florence Parly, assinalou ontem, em Bamaco, no Mali, a "determinação" de França e dos seus parceiros em "continuar a luta contra o terrorismo" no país.

Parly e os seus homólogos de Estónia, Kalle Laanet, e República Checa, Lubomir Metnar, mantiveram conversações com o presidente da transição do Mali, Bah Ndaw, dois dias após um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) ter afirmado que 19 civis morreram devido a um ataque aéreo da força francesa Barkhane, algo que Paris já tinha negado.

"Partilhamos a nossa determinação em continuar a luta contra o terrorismo", afirmou Parly à comunicação social depois da reunião, citada pela agência France-Presse.

Os três ministros declararam a "plena capacidade operacional" do grupo de trabalho militar europeu Takuba, liderado pela França que aconselha, assiste e acompanha as Forças Armadas do Mali, em coordenação com os parceiros do G5-Sahel e outros atores internacionais no terreno.

Paris diz contar fortemente com este "laboratório de integração dos parceiros europeus em combate" para partilhar o peso da luta contra os 'jihadistas' ligados a grupos como a Al-Qaida ou o movimento terrorista Estado Islâmico.

Na terça-feira, uma investigação da missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) afirmou que um ataque aéreo conduzido pela força Barkhane em 03 de janeiro matou 19 civis durante um casamento.

A ministra da Defesa francesa refutou, tal como o seu departamento o tinha feito antes, as acusações, afirmando que as "Forças Armadas francesas realizaram um ataque aéreo contra um grupo terrorista armado identificado como tal".

"Há também uma guerra no campo da informação, e o nosso inimigo (...) está a explorar todas as polémicas possíveis", disse a ministra.

"Não posso admitir que a honra dos nossos soldados possa ser manchada desta forma", acrescentou.

Sete organizações de defesa dos direitos humanos de França e Mali exortaram hoje os dois países a realizarem uma investigação independente e transparente.

"Parece-me que a investigação realizada pelas Nações é independente", respondeu Parly, que lamentou que a opinião das autoridades de França não tenha sido tida em conta.

"Transmitiremos todas as nossas observações e comentários ao departamento competente da ONU", assinalou a ministra francesa.

Uma investigação realizada pela divisão dos Direitos Humanos da Minusma, apoiada por uma equipa forense das Nações Unidas, aos acontecimentos de 03 de janeiro, próximos de Bounti, no centro do país, confirmou pela "realização de uma celebração de casamento que reuniu no local do ataque cerca de 100 civis, entre os quais cinco pessoas armadas que se presumiam ser membros da Katiba Serma".

A Katiba Serma é afiliada ao Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GSIM, em francês), uma aliança 'jihadista' que, por sua vez, é afiliada do grupo Al-Qaida.

Pelo menos 22 pessoas foram mortas durante o ataque aéreo, incluindo três dos alegados membros do Katiba Serma, com o documento a afirmar que 19 morreram no local e três durante a evacuação.

França está presente na região do Sahel através da força Barkhane, que inclui tropas destacadas no solo, mas também uma importante componente aérea, com três veículos aéreos não-tripulados ('drones') Reaper, sete aviões de caça e 20 helicópteros, segundo os dados mais recentes do Estado-Maior francês.

A força francesa conta com 5.100 operacionais e opera principalmente no Mali e nos seus vizinhos da região do Sahel, como o Níger, contra grupos 'jihadistas'.

A operação Barkhane teve início em 2014, em substituição da Serval, lançada no ano anterior.