Líder do MpD proclama vitória em Cabo Verde e diz que é "lição" para a oposição
O presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, proclamou ontem vitória nas eleições legislativas em Cabo Verde, afirmando que vai "continuar o bom trabalho" e que o resultado é uma "lição" para a oposição.
"Foi uma grande vitória, a vitória de Cabo Verde. Nós estávamos à espera desta vitória", afirmou Ulisses Correia e Silva, também primeiro-ministro em funções, ao fazer o discurso da vitória, na sede nacional do MpD, na Praia, com dezenas de militantes em festa no exterior.
O Movimento para a Democracia (MpD, no poder) liderava a votação nas eleições legislativas em Cabo Verde, com 49% dos votos e 25 de um total de 72 deputados, quando estavam apuradas 81,3% das mesas de voto. De acordo com dados disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pela Direção-Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE), através da página oficial destas eleições, o MpD liderava a contagem global com 91.084 votos (49%) e 25 deputados, seguido do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), com 69.882 votos (37,6%) e 17 deputados. Por último, com três deputados eleitos, todos na ilha bastião de São Vicente, surgia a União Caboverdiana Independente e Democrática (UCID), com 17.904 votos (9,6%). Foram apurados até às 20:00 locais os resultados de 1.203 mesas de voto (81,3%), registando-se uma taxa de abstenção, em função dos dados apurados, de 41,5%. Para estas eleições estavam previstas 1.245 mesas de voto no arquipélago e 236 na diáspora, em 21 países, para um total de 392.993 eleitores recenseados.
As eleições legislativas em Cabo Verde elegem a Assembleia Nacional, composta por 72 deputados eleitos por sufrágio universal, direto, através de 13 círculos eleitorais, em cada ilha e na diáspora. Contudo, o país está há cerca de 30 anos profundamente bipartidarizado, entre MpD, que tem atualmente uma maioria absoluta de 40 deputados, e o PAICV, que soma 29, além dos três eleitos da UCID. Quase 393 mil eleitores cabo-verdianos foram chamados ontem às urnas para estas sétimas eleições legislativas de Cabo Verde, escolhendo entre 597 candidatos de seis partidos os deputados ao parlamento na próxima legislatura. A votação decorreu das 07:00 às 18:00 locais (mais duas horas em Lisboa), sem incidentes relevantes, de acordo com fonte da CNE contactada pela Lusa.
Nesta votação foram escolhidos para um mandato de cinco anos 72 deputados, dois dos quais pelo círculo de África, dois pelo círculo da América e dois pelo círculo da Europa e resto do mundo. A votação vai ainda definir o Governo para os próximos cinco anos e acontece num momento de recordes diários de novos infetados por covid-19 no arquipélago. O número máximo de eleitores por mesa foi fixado em 350 eleitores, para o território nacional, "tendo em vista minimizar os constrangimentos logísticos, nomeadamente a falta de edifícios públicos e de cidadãos para desempenharem as funções de membros de mesa de voto", e como prevenção à transmissão da covid-19, segundo a CNE.
A estas legislativas concorreram, em todos os 13 círculos eleitorais no país e no estrangeiro, o MpD, o PAICV e a UCID, todos com representação parlamentar. Depois, o Partido Popular concorreu em cinco círculos, o Partido Social Democrata em quatro e o Partido do Trabalho e da Solidariedade em cinco. O MpD, então na oposição, venceu com maioria absoluta (quase 54% dos votos) as eleições legislativas em 2016, afastando do poder, ao fim de 15 anos, o PAICV (ambos os partidos já venceram, cada um, três eleições legislativas).
Cabo Verde conta com uma população de cerca de 550 mil pessoas, mas estima-se que a comunidade cabo-verdiana na diáspora ultrapasse o milhão. O ciclo eleitoral em Cabo Verde iniciou-se em 25 de outubro de 2020, com as eleições municipais, prossegue hoje com eleições legislativas e termina em 17 de outubro deste ano com a primeira volta das eleições presidenciais.