Crónicas

Nas autárquicas voto nas pessoas

Existem muitos exemplos de partidos que têm gente credível nuns concelhos e autênticos crápulas noutros

Nas eleições autárquicas devíamos votar nas pessoas que achamos serem mais competentes para liderar os nossos círculos eleitorais. Seja nas Câmaras ou nas Juntas de Freguesia. É muito pouco sobre partidos. Ideologias ou facções. Por isso acho que a presença dos partidos nestas eleições só acaba por confundir as pessoas. Eu próprio já votei em gente de vários partidos e em movimentos independentes. Porque considero que o que está em causa é a política de proximidade e são uma série de condições que colocamos como exigência para quem nos representa. Desde a capacidade de liderança, à de se fazer ouvir e respeitar pelo poder regional, nacional e até internacional e pelas diversas instituições ou associações. Que consiga fazer passar a sua mensagem e que seja credível. Que não tenha pejo em andar junto do povo e ouvir as suas sensibilidades da mesma forma que não se intimida com forças maiores. Que seja arrojado e reformista.

No fundo alguém que nos represente e que nos transmita confiança. Que não faça distinções entre os mais poderosos e os mais humildes e trate todos com a mesma lisura. Que seja honesto e livre de amarras, o mais possível imune a pressões. Estas entre muitas outras características que poderia aqui enumerar. Na verdade não há pessoas perfeitas, como não há políticos perfeitos. Mas há uns melhores que outros. E cabe-nos a nós, cada um com a sua visão, escolher aqueles com quem mais nos identificamos. E numa altura em que a política cai tanto em descrédito mais importante será assumirmos as nossas posições e não deixarmos nas mãos dos outros. As nossas escolhas não devem reger-se cegamente por bandeiras. Existem muitos exemplos de partidos que têm gente credível nuns concelhos e autênticos crápulas noutros. Por isso mais do que seguir cores ou frases feitas é fundamental analisarmos o nosso caso especifico. O nosso município ou freguesia. Quem se apresenta a eleições.

Não sou da opinião que os políticos são todos iguais. Nem que são todos ladrões. Conheço gente boa na política. Que gosta de trabalhar para a causa pública e que o faz com diligencia e desinteresse. Mas para assumir uma posição de relevo na nossa comunidade é preciso que procuremos nos diversos candidatos as características em que mais nos revemos. Com quem mais nos identificamos. É por isso tão importante escolher bem e se não nos identificarmos com nenhum expressá-lo também nas urnas. Em círculos pequenos como os nossos em que toda a gente se conhece ou mesmo que não conheça, conhece alguém que sabe ou ouviu falar, é imperativo informarmo-nos sobre os candidatos mas também sobre as equipas que os acompanham. Quem são, o que fizeram, que posturas adotam habitualmente na comunidade, de onde vêm. Até mais do que olhar para programas. Estas eleições são sobre pessoas com capacidade para nos fazer crescer, para nos darem novas dinâmicas e construirem oportunidades. São os que podem melhorar ou piorar o nosso dia a dia nas decisões mais simples.

É bom olharmos para o rasto que deixaram na sociedade. Para o que já fizeram seja na esfera pública ou privada e pela capacidade que demonstram em liderar. Pelas intenções que lhes conhecemos e pela forma com que lidam connosco fora da época eleitoral. Nuns sítios a mudança é necessária, noutros o vislumbre é que as alternativas são piores. Depende de caso para caso. Mas que fique bem claro que o que está aqui em causa, mais do que os partidos é legitimar pessoas em quem acreditamos para resolverem os nossos problemas e para encontrar soluções para um bem comum. Desconfio sempre dos choninhas, de quem se esconde em gabinetes e não vem para a rua. Precisamos de pessoas carismáticas e sérias que nos façam ter orgulho do sitio onde vivemos. É bom não esquecer que nas autárquicas votamos em pessoas, nas que nos transmitem confiança, nas mais competentes. E ao contrário das legislativas, nestas nós sabemos bem quem elas são.