Justiça francesa obriga autarca a autorizar escola muçulmana
A justiça francesa obrigou o autarca de Albertville a autorizar a construção de uma escola primária privada, de iniciativa da Confederação islâmica Millî Görüs, próxima da Turquia, foi hoje anunciado.
A decisão anunciada hoje anula a recusa de autorização para construir, cujo pedido foi entregue em 2019 pela associação para criar uma escola para 400 alunos naquela vila, com cerca de 20.000 habitantes.
O tribunal considerou que os motivos avançados pela autarquia, nomeadamente relativos aos lugares de estacionamento, não são aceitáveis. Deu-lhe dois meses para a entrega da licença de construção.
Num artigo publicado hoje pelo diário francês Le Figaro, o autarca, Frédéric Burnier-Framboret, lamenta vivamente esta decisão, da qual tenciona recorrer.
O responsável pelo município diz-se " impotente "para " contrariar a instalação de instalações de associações ou empresas dirigidas por potências esrangeiras, que favorecem uma cristalização identitária no coração" dos territórios franceses.
O recurso ao Código do Urbanismo foi " o único meio legislativo " à sua disposição para se opor à construção da escola, afirmou à Agência France Presse.
Com capacidade para acolher 400 alunos, o estabelecimento "provavelmente colocaria em risco as turmas, mesmo as escolas" de Albertville, que acolhem hoje cerca de 1.200.
Um projeto de menor envergadura "poderia ter sido discutido", mas o edil disse ter recebido " uma objeção da Confederação islâmica Millî Görüs.
Esta associação está também na origem de um projeto de mesquita em Estrasburgo (este), para a qual o município ecologsta votou em 22 de março o "princípio" de uma uma subvenção de mais de 2,5 milhões de euros, motivando fortes críticas do governo francês.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, denunciou " uma federação que recusou assinar a carta de princípios do islão de França e que defende um islão político ".
A escola em projeto para Albertville "só pode incitar ao comunitarismo", considera o autarca, indicando que seria instalada perto de uma mesquita gerida pela filial local da Confederação Millî Görüs, com a qual assegura ter "boas relações".