Madeira

Bispo do Funchal valoriza missão do sacerdócio na Missa Crismal

Homilia da Missa Crismal, esta Quinta-feira Santa, lembra importância do papel dos Padres, sobretudo nos tempos actuais

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O bispo do Funchal centrou a sua homília da Missa Crismal, “a derradeira celebração da Quaresma”, na missão do sacerdócio e no papel fundamental que os membros da Igreja podem representar em tempo de pandemia: “Caros Padres, o momento em que vivemos é absolutamente singular. Neste tempo de pandemia, o mundo contemporâneo precisa de quem lhe abra janelas de horizonte e de sentido, janelas de Deus. Precisa, mais que nunca, de quem lhe prepare o banquete pascal. Quer dizer: de quem torne a Páscoa de Cristo presente, de quem mostre que também nós (e não apenas os nossos antepassados) fomos redimidos pela morte e ressurreição de Jesus — e que, por isso, não é um vírus, qualquer que ele seja, que nos impedirá de ser com Deus e para Ele; de viver com Deus e para Ele”.

D. Nuno Brás fala da importância dos sacramentos, “o óleo santo, o Crisma, sinal sacramental de salvação e vida perfeita, para aqueles que são renovados no banho espiritual do baptismo”, e que preparam para uma vida “com densidade interior a celebração do tríduo pascal de Cristo morto, sepultado e ressuscitado”.

Mas a completude só acontece com o sinal de Cristo na Terra, manifestação que é feita através dos sacerdotes: “A permanência de Jesus Cristo ressuscitado em cada tempo e lugar não poderia aparecer aos homens sem o sinal sacramental da sua graça que é a pessoa e a vida de cada um dos seus sacerdotes: vasos de barro que transportam o tesouro inefável da graça divina; presença viva do único sacerdócio de Cristo; verdadeira mão de Deus estendida ao mundo contemporâneo; paradoxal acontecimento de salvação no meio deste nosso mundo”.

Isto, porque o cristianismo não é apenas uma ideologia, afirma o Bispo do Funchal, nem uma moral. Se assim fosse, bastaria um código de condutas a seguir, “também ele necessariamente modificável segundo o gosto da maioria ”.

Mas não: “O cristianismo é Cristo (…) Do acontecimento que é a encarnação do Verbo, surgirá, necessariamente, uma doutrina, pois que Jesus é o Verbo do Pai; tal como surgirá uma Lei nova, um novo modo de viver, pois que Jesus é o Verbo feito carne, e nos propõe a vida, as opções concretas do quotidiano como lugar de acolhimento e expressão da salvação”.

E “para que o “’hoje’” de Cristo possa aparecer e interpelar, ser vida e acontecimento, é indispensável a vida sacramental (vida de Cristo em nós, vivida e celebrada: liturgia!)”, porque é “ela que permite dizer, no aqui e agora, o mistério pascal de Jesus; que nos permite, hoje, viver daquele mesmo e definitivo acontecimento redentor, com a mesma frescura e entusiasmo dos que foram suas primeiras testemunhas”, exalta D. Nuno Brás.

“Como não nos é possível estar simultaneamente com as nossas comunidades e encontrar-nos com os demais presbíteros à volta do bispo, tomamos esta celebração matutina como possibilidade de manifestar, diante de todos, o nosso empenho, a nossa vontade em permanecermos fiéis à missão que o Senhor nos confiou, e a que também nós nos consagrámos — certos da assistência da Sua misericórdia, entregando tudo o que somos e temos, para que a salvação de Cristo resplandeça hoje como presença eficaz no meio do mundo”, lê-se ainda na homilia desta Quinta-feira Santa.

O papel dos homens da Igreja, insiste D. Nuno Brás, é fundamental. Diz o Bispo do Funchal: “Deus confia-nos, a nós sacerdotes, a missão de O tornar presente, visível, actuante, vivificador da vida dos demais”.