A história de um herói
Eu gosto da história de Cristo e revejo-me muitas vezes nela. Ele era um grande revolucionário para o seu tempo
Hoje comemora-se a Quinta-feira Santa para os/as católicos/as e cristã(o)s do mundo. É o dia onde começa a odisseia da morte do maior herói de sempre da história religiosa mundial. Para mim, o meu herói preferido, de sempre.
Há quem diga que toda a história de Jesus Cristo, mil vezes relatada por escrito, filmada, e contada, tem muitas mentiras e factos inventados, que até podem nunca ter acontecido. Eu não tenho dados concretos para desmentir nem confirmar os que dizem isso, mas eu gosto de acreditar que esta história é verdadeira. Às vezes até acho que preciso mesmo de acreditar que, em todos os tempos, existiram Pessoas como Jesus que defendiam os/as pobres e não gostavam da escravidão que deles era feita pelos/as ricos/as.
Eu gosto da história de Cristo e revejo-me muitas vezes nela. Ele era um grande revolucionário para o seu tempo. Ele considerou que tinha uma missão para cumprir e tudo fez para que e a mesma ficasse bem vincada aos olhos de toda a gente. Nunca deixou de dizer o que pensava, nunca deixou de dizer o que não achava bem, mesmo que isso mexesse com os interesses dos poderosos da altura. Nunca se preocupou por ser uma minoria contra um poder forte e poderoso. Nunca deixou de viver com humildade e de criticar os que o seguiam se por acaso não concordassem consigo.
Os traidores foram tratados com todo o respeito e foram eles mesmos que se condenaram a si próprios. Não conseguiram aguentar o peso da traição. E como diz o povo, “dos traidores não reza a história”. E foi horrível o fim que alguns escolheram para por fim às suas miseráveis vidas.
Jesus sempre defendeu os/as mais pobres, em todos os sentidos. Ajudou os/as mais fracos/as. Tentou sempre que os/as mesmos/as fossem tratados/as com o máximo de dignidade. Nunca admitiu as humilhações de que eram vítimas. Preferiu ser ele o escorraçado de alguns lugares para defender que os/as pobres fossem poupados/as à morte e à fome.
Chegou a defender a ideia mais revolucionária de sempre, que “era mais fácil ao pobre passar pelo rabo de uma agulha do que os ricos entrarem no reino dos céus”. Tudo isto deu muita revolução. Tudo isto mexeu com os interesses instalados, e os mais ricos e poderosos, tudo fizeram para denegrir o seu trabalho de líder, com muito medo que, ele, naturalmente, conseguisse ganhar o poder das massas, que cada vez o acompanhavam mais, nas suas peregrinações, nessa odisseia revolucionária.
Fazendo um paralelo com o que se passa nas sociedades atuais, se Jesus vivesse hoje, e defendesse os mesmos objetivos, seria novamente perseguido e maltratado, porque quem diz a verdade neste mundo atual é que vai preso. Por falar em dizer a verdade, era muito bom que quem dirige esta terra nos elucidasse de uma vez por todas porque na época da Páscoa não segue o que foi decidido pelo governo do País e não proíbe a circulação entre os concelhos. Sei que esta pode não ser uma posição simpática e aceitável para muita gente, mas como Jesus, eu não ando aqui para agradar a toda a gente, e acho que seria uma salvaguarda muito importante para as populações das localidades mais pequenas não correrem o risco de infeção dos que vêm de fora.
Eu também gosto muito de passear. Não é isso que está em causa. Mas, com todas as medidas de segurança, para mim e para os/as outros/as, e não é por estar fora do meu concelho de residência, que esteja à vontade para andar sem máscara. Para encher cafés e bares e para fazer festas privadas, como se não vivêssemos numa situação de pandemia grave.
Que esta época da Páscoa nos ajude a refletir que nunca, mesmo nunca, devemos desistir dos nossos sonhos de lutar por um mundo mais justo e por governantes mais dignos. Foi dado o poder ao povo para decidir. Então, que saibamos, como povo, abrir bem os olhos e decidir da forma mais justa e mais correta. Sem medo, e sem se deixar comprar, como fez o Judas que faz parte desta história.