O caminho das Ginjas/Estanquinhos
Em qualquer análise não devemos ser fundamentalista. Antes, devemos procurar as razões com lógica
Muito se tem escrito sobre este caminho. Uns que sabem e outros que pensam que sabem e ainda por outros que têm a mania de opinar sobre tudo e sobre todos.
O caminho existe há alguns anos. Foi rasgado na Laurissilva, sem que tenha havido oposição e foi asfaltado até ao Parque Industrial de São Vicente, precisamente no sítio das Ginjas. Também foi feita uma nova levada, conhecida por Levado da Fajã Rodrigues, um pouco mais acima. Também ninguém reclamou dos estragos feitos na Laurissilva, principalmente por ter sido por uma causa maior. Nem sequer asfaltaram até à referida Levada.
Muito se discute sobre asfaltar ou não até ao Paul da Serra porque vai dar cabo da Laurissilva. Se assim fosse a estrada da Serra d’Água/ Encumeada /Rosário, A estrada do Poiso/ Ribeiro Frio, a Estrada da Ribeira da Janela/Fanal/Paul, do Paul da Serra/Portas da Vila, no Porto Moniz e outras, teriam dado cabo da Laurissilva. Existiriam as estradas e um deserto à sua volta.
Mas o madeirense sabe respeitar a nossa floresta património da humanidade. Recordo que, por exemplo, no Seixal, onde se encontra a maior, a mais bonita e a melhor conservada mancha de Laurissilva do MUNDO, ficou quase destruída durante a Grande Guerra de 1939/1945, porque foram cortadas muitas árvores para lenha e carvão que abasteciam os barcos que passavam pelo Funchal.
Vinham barcos de propósito do Funchal ao Seixal, como o Gavião e o Bútio, carregar lenha. Passados cinquenta anos a floresta estava toda recuperado, em parte devido à existência do pombo trocaz e do próprio porco da serra que revolvia a terra para se alimentar da raiz da feiteira.
Em qualquer análise não devemos ser fundamentalistas, antes, devemos procurar as razões com lógica porque corre-se o risco de perder a razão. Bem sei que vivemos numa terra de ambientalistas, na sua maioria sem a devida formação ou a formação errada. O meu argumento é outro. Querer gastar-se doze milhões de euros, que, com as obras a mais do costume, é capaz de ultrapassar os vinte milhões, para asfaltar uma estrada que se pretende como escapatória, quando já existem três que resolvem o problema, mesmo que se tenha que andar mais meia hora de carro.
Esta é que é, para mim a verdadeira questão, quando há zonas da Madeira como eixo da Ribeira Brava/Camara de Lobos/Machico em que no período estival estiveram, algumas freguesias, dois meses sem água de rega para as suas culturas, como se pode gastar vinte milhões, ou mesmo doze, numa estrada, esquecendo-se que a água é a condição essencial de vida! Esse dinheiro seria melhor aplicado no túnel do Pedregal para aumentar grandemente a largura da levada ou uma lagoa subeterrânea e fazer um stock mínimo de água para rega do Inverno para o Verão, de 500.000 metros cúbicos em vez dos 40.000 previstos!
Contudo acho que a estrada deve ser melhorada até, um pouco acima do sítio do Curral dos Burros que tem aptidão para a produção de fruta de climas temperados, como maçãs e peros, castanhas, cerejas, nozes, etc…Aí poderiam fazer um parque de merendas e um estacionamento que permitia aos caminhantes deixarem os seus carros e gozarem o prazer de respirar o ar puro da Laurissilva, através das veredas ou do caminho existente, que entretanto “fecharia” com a própria floresta.
Para ficar completo haveria necessidade de o próprio governo, através dos seus técnicos, reunir com os proprietários da zona e convencê-los a plantarem as árvores que nos referimos atrás.