Já lá vão 25
Boa noite!
Que Milton Mendes tenha deixado de treinar o Marítimo não é motivo de espanto. Desde que Carlos Pereira é presidente do clube 25 treinadores já foram despachados, dois dos quais só nesta temporada. Não tarda nada virá um 26.º cujo destino está traçado antes de assinar contrato. Se não cair nas graças de quem manda e se a bola não entrar, o mais certo é que, após alguns jogos, comece a típica corrente de ar que fecha portas com estrondo.
Que na hora da saída o ex-técnico ouça “coisas espectaculares” dos seus jogadores, apesar de deixar a equipa como lanterna-vermelha na I Liga, mas ainda com margem de salvação, não é nada de sobrenatural. Não, não são gritos do além. Na hora do adeus, quase todos são bons.
Que o treinador entenda que este é o momento “pensar no todo e, o todo, é o Marítimo" está no seu direito. Mas a eloquente confissão permite outras leituras. Quer dizer que num clube cujo objectivo é ganhar e dignificar o emblema histórico há por vezes outros interesses em jogo que não os colectivos? Quer dizer que “pensar no melhor para o clube" é perpetuar uma estranha tradição que, salvo casos de manifesta incompetência técnica, o menos culpado é quase sempre o sacrificado? Quer dizer que na colectividade verde-rubra o todo não se faz com a soma das partes?
Que Milton Mendes acredite que uma "nova voz" pode voltar a "catapultar" o conjunto madeirense na "busca de novos resultados" fica-lhe bem. Aliás, antes de assumir o cargo que exerceu durante 14 jornadas, por vezes merecendo rasgados elogios, deve ter ouvido exactamente o mesmo tipo de argumentação.
Fica a sensação que Milton Mendes tem valores e procurou a saída digna em mais uma novela futebolística de desfecho previsível. Por isso, seja qual for o seu futuro, muito sucesso.