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100 anos, tantas lutas

É um dever lembrar hoje madeirenses com a fibra e a coragem de Agostinho da Silva Fineza, natural da freguesia da Ribeira Brava, preso político abatido a tiro pela PIDE, em 1963, quando participava numa iniciativa do 1º de Maio. Tinha 46 anos de idade. Esteve preso por 5 vezes nas cadeias fascistas. A primeira vez em 1948.

É justo trazer à memória Antenor Cruz, preso e assassinado pela polícia política. Em 1936 foi preso, acusado pela sua participação na Revolta do Leite. Em 1938, foi condenado pelo Tribunal Militar Especial de Lisboa, em 23 meses de prisão. Regressado à Madeira, integrou o MUD e em maio de 1948 foi novamente preso por razões de natureza política, tendo sido assassinado nos calabouços da polícia, naquele mês. Tinha 48 anos de idade.

Importa evocar João Ivo Ferreira, natural da freguesia de São Pedro, no Funchal. Aderiu ao PCP em 1945. Juntamente com outros dirigentes foi preso e enviado depois para degredo. Passou 9 anos nas cadeias fascistas do Aljube, Forte de Caxias e Cadeia Privada da PIDE no Porto.

É indispensável trazer à lembrança Inês Afonseca, já depois da Revolução de Abril, persistente lutadora em defesa dos caseiros e da luta contra a canga da colonia. Foi sempre uma mulher do Povo, exemplo de coragem, lucidez, coerência e persistência.

Seria justo nomear tantos outros, homens e mulheres, que nunca se vergaram aos senhorios desta terra, que nunca vergaram sempre que esteve em causa a Justiça Social. E, em particular, quantos, sem que fossem inscritos no PCP, se identificaram com as causas da liberdade e da democracia e, por vezes, foram mais militantes do que os militantes na reflexão e na ação progressista na Madeira e no Porto Santo. Assim foi com o destemido humanismo do Pe. Mário Tavares, assim foi com a audaciosa lutadora e persistente na coragem, Natália Pais, a primeira eleita na Madeira indicada pelo PCP, juntamente com Mário Aguiar, à Assembleia Municipal do Funchal. Ele, que viria a ser o primeiro deputado do PCP eleito para o Parlamento da Madeira.

Uma saudação à longa e generosa intervenção cívica, política e cultural de Rui Nepomuceno, desde 1974, membro da direção do PCP na Madeira, sabendo que muitos outros nomes da abnegada militância ativa ficam aqui por nomear.

Este breve memorial vivo de homens e de mulheres desta Região justifica-se quando passam 100 anos de tantas lutas do PCP. Porque é da nossa História, dos combates do presente e do futuro, pela liberdade e democracia, ter bem vivo o contributo de tamanha militância para servir os trabalhadores, o Povo e o País.