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Washington diz que lei eleitoral pretendida por Pequim é "ataque direto" à democracia

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Os Estados Unidos consideraram hoje que a reforma eleitoral que a China pretende impor em Hong Kong constitui "um ataque direto" contra a autonomia do território.  

"Os Estados Unidos condenam os ataques persistentes da República Popular da China contra as instituições democráticas de Hong Kong", declarou o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price, em declarações aos jornalistas.

A imprensa estatal chinesa anunciou na quinta-feira que o órgão máximo legislativo da China vai analisar um projeto de reforma eleitoral em Hong Kong, abrindo caminho para a possível marginalização de candidatos pró-democracia.

Os deputados da Assembleia Nacional Popular (ANP), que estão reunidos desde hoje em Pequim na sessão plenária anual, vão estudar uma proposta que visa "melhorar o sistema eleitoral de Hong Kong", segundo a agência noticiosa Xinhua.

"Trata-se de um ataque direto contra a autonomia de Hong Kong, as liberdades e os processos democráticos de Hong Kong", considerou Ned Price.

O responsável assinalou ainda que aquela reforma "limitaria a participação, reduziria a representação democrática e silenciaria o debate, num sentido contrário à vontade clara do povo de Hong Kong".

"Estas medidas, caso entrem em vigor, comprometeriam de forma drástica as instituições democráticas de Hong Kong", acrescentou.

Durante várias semanas, funcionários chineses sugeriram uma reforma eleitoral para garantir que Hong Kong seja governada por "patriotas".

Os vereadores distritais, em grande parte filiados à oposição pró-democracia, obtiveram uma vitória esmagadora contra candidatos apoiados por Pequim nas eleições locais realizadas no final de 2019.

A reforma deve concentrar-se na designação da Assembleia Legislativa de Hong Kong, onde um sistema complexo já garante a maioria para o bloco pró-Pequim.

Este parlamento deve ser renovado em setembro próximo.

O anúncio da reforma ocorre um ano depois de Pequim impor uma lei de segurança nacional em Hong Kong, após os protestos pró-democracia quase diários na cidade, ao longo de 2019.

Críticos consideram que a lei minou consideravelmente as liberdades garantidas a Hong Kong, após a transferência para a soberania chinesa, pelo Reino Unido, em 1997.