ONU diz que ainda não recebeu provas de vida da princesa Latifa
O Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos afirmou hoje que ainda não recebeu provas de vida relativas à princesa Latifa, filha do emir do Dubai que diz estar feita refém e de temer pela própria vida.
"Não, ainda não", afirmou o porta-voz do Alto-Comissariado, Rupert Colville, quando questionado sobre o caso no 'briefing' diário com a comunicação social em Genebra (Suíça).
O porta-voz acrescentou que ocorreram contactos entre o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e representantes dos Emirados Árabes Unidos em Genebra, mas sem resultados concretos.
No passado dia 19 de fevereiro, a ONU informou que tinha pedido aos Emirados Árabes Unidos provas de vida da princesa de 35 anos, filha de Mohammed bin Rashid Al Maktoum, emir do Dubai e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, reconhecido como um dos mais abastados e conservadores líderes mundiais.
Em 2018, a princesa de 35 anos tentou fugir a bordo de uma embarcação da rica cidade-Estado do Golfo, mas a fuga não foi bem-sucedida e seria forçada a regressar.
Recentemente, parentes da princesa, que dizem não ter notícias suas há vários meses, entregaram às estações britânicas BBC e Sky News vídeos onde ela diz estar fechada numa "mansão transformada em prisão".
"Estou fechada numa vivenda-prisão, as janelas estão fechadas com barras de metal, há cinco polícias lá fora e dois cá dentro. Dizem-me que vou ficar aqui para sempre e que nunca mais vou ver a luz do sol. Não sei que me vai acontecer, estou a chegar ao limite, estou mesmo muito, muito cansada", diz a princesa no vídeo, gravado numa casa de banho.
O canal público britânico BBC, que transmitiu em fevereiro os vídeos da princesa, afirmou na altura que estes tinham sido filmados cerca de um ano depois da sua vã tentativa de fuga.
Após a divulgação destes vídeos, o Governo britânico classificou as imagens como "preocupantes".
Em 19 de fevereiro, a embaixada dos Emirados em Londres emitiu uma declaração, a afirmar que a família tinha confirmado que a princesa estava a ser cuidada em casa, apoiada por familiares e por profissionais médicos.
"O seu estado continua a melhorar e esperamos que ela volte à vida pública no devido tempo", referiu a mesma nota.
Um dia antes, várias organizações de defesa dos direitos humanos tinham apelado à ONU para que tratasse do caso da princesa Latifa.
As organizações não-governamentais acusam regularmente os Emirados de violarem os direitos humanos e de reprimirem as vozes críticas.