Perto de 750 mulheres foram mortas em cinco estados do Brasil em 2020
Em cinco dos 27 estados do Brasil foram mortas 747 mulheres, no ano passado, referiu um relatório divulgado ontem pela Rede de Observatórios de Segurança.
O estudo denuncia os altos índices de violência contra a mulher, que durante 2020 deixaram uma média diária de cinco mulheres mortas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Pernambuco.
De acordo com o relatório, 1.823 casos de violência e agressão foram registados apenas nestes cinco estados brasileiros, que respondem por quase metade da população dos 210 milhões de habitantes do Brasil.
Segundo o levantamento, 66% das ocorrências correspondem a feminicídios (assassínio de mulheres em razão do género) e tentativas de feminicídio.
Dos 747 assassinatos de mulheres registados no ano passado nos cinco estados, 449 foram identificados como feminicídios e 298 como homicídios.
São Paulo foi o estado com mais mulheres assassinadas, com 200, seguido por Bahia (181), Pernambuco (144), Ceará (138) e Rio de Janeiro (84).
Muitos casos de feminicídio não são identificados como tal, por isso o número de mulheres que foram mortas deve ser maior, segundo o mesmo levantamento.
"A classificação da morte de uma mulher como feminicídio muitas vezes depende de interpretação e, em outras ocasiões, de investigação, o que é raro na tradição da polícia brasileira. Portanto, o feminicídio é facilmente registado como homicídio", observou o estudo.
Segundo a Rede de Observatórios de Segurança, 58% dos casos de feminicídio e 66% dos casos de agressão foram executados pelos companheiros ou ex-companheiros das vítimas.
"Predominam as mortes dentro de casa, com facas, golpes e outros ataques extremamente cruéis", disse Silvia Ramos, uma das coordenadoras do estudo.
Até ao momento não há dados que consolidem os feminicídios ocorridos no ano passado em todo o Brasil.
Outro relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que os homicídios dolosos (classificação criminal adotada no Brasil em casos em que há intenção de matar) de mulheres passaram de 1.834 no primeiro semestre de 2019 para 1.861, no mesmo período de 2020, um aumento de 1,5%, enquanto os feminicídios aumentaram de 636 para 648, na mesma comparação.