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Mulheres africanas menos propensas a mortes e infeções do que os homens

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As mulheres africanas registam menos infeções e mortes por covid-19 do que os homens, revelou uma análise preliminar da Organização Mundial de Saúde (OMS) realizada em 28 países africanos.

O estudo, baseado em dados epidemiológicos específicos de género fornecidos pelos países, mostra que as mulheres representem globalmente cerca de 41% dos casos de covid-19, mas as percentagens variam entre os 31% no Níger e mais de 57% na África do Sul.

De acordo com a análise, apresentada hoje em conferência de imprensa, na maioria dos países, as mulheres são "um pouco menos propensas a morrer de covid-19 que os homens".

Por exemplo, na Costa do Marfim a taxa de mortalidade é de 0,4% para as mulheres em comparação com 0,5% para os homens, enquanto na República Democrática do Congo é de 2,2% contra 2,7%, e 0,1% contra 0,5% nas Seicheles.

"Isto acontece apesar das mulheres representarem uma grande parte do pessoal de saúde, o que as coloca em maior risco de infeção", apontou o escritório regional para África da OMS.

Mais de 95 mil profissionais de saúde foram infetados com covid-19 no continente.

Nas Seicheles, exemplificou o estudo, as mulheres são responsáveis por 71% das infeções dos trabalhadores da saúde, em Eswatini por 64%, na Costa do Marfim 55% e no Senegal 54%.

A OMS reconheceu que são necessários mais dados para identificar os fatores na origem da disparidade das infeções entre homens e mulheres.

A organização referiu que alguns estudos sugerem que "fatores biológicos, comportamentais ou sociais podem ser responsáveis", enquanto outros revelam que os homens são significativamente mais suscetíveis de sofrer efeitos graves da covid-19 por causa de condições pré-existentes, o que explicaria a taxa de mortalidade ligeiramente mais baixa observada nas mulheres.

Por outro lado, a análise apontou que a pandemia e as medidas iniciais de contenção, como os confinamentos, restrição de movimentos e encerramento de escolas, acentuaram as vulnerabilidades das mulheres e raparigas.

"Os efeitos da pandemia de covid-19 em mulheres e raparigas têm sido profundos, com riscos acrescidos para a saúde e segurança", disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para África.

"A nossa resposta deve ir além dos aspetos clínicos da pandemia e abordar as crises ocultas que correm o risco de causar efeitos a longo prazo nas vidas e meios de subsistência", acrescentou.

A pandemia acentuou também os desafios no acesso aos serviços de saúde essenciais, com uma análise preliminar da OMS em 22 países a constatar que em 10 se registou um aumento das mortes maternas.

Os maiores aumentos foram registados nas Comores, Mali, Senegal e África do Sul.

 Nove dos 22 países reportaram uma redução dos nascimentos em instalações de saúde e um aumento das complicações devidas a abortos.

Estudos revelaram também que a violência contra as mulheres, e particularmente a violência doméstica, aumentou em vários países, uma vez que a segurança, a saúde e as preocupações financeiras criaram tensões, que foram agravadas pelos confinamentos.

Também as consequências económicas afetaram fortemente as mulheres, que representam mais de 90% da força de trabalho na África subsariana, particularmente no setor informal, o mais prejudicado com a pandemia.

África registou um total de 104.672 mortes desde o início da pandemia, e 3.924.755 casos de infeção, segundo os dados mais recentes oficiais da pandemia no continente, do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).   

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.560.789 mortos no mundo, resultantes de mais de 115,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.