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Da natureza para as pessoas e para a economia

Uma das áreas mais promissoras é a que se designa por soluções baseadas na natureza

As preocupações e consciência ambientais, cujo percurso histórico se associa, tradicionalmente, à degradação da qualidade do ambiente, têm vindo a diminuir a dicotomia clássica relativa à impossibilidade de compatibilizar a salvaguarda dos recursos naturais com a sua utilização sustentável. Apesar de ainda persistirem correntes filosóficas e políticas reducionistas e oportunistas de difícil sustentação, a verdade é que a visão de que a opção se resume, sempre, à escolha entre o ambiente e o desenvolvimento, tem vindo a perder campo de manobra. O que resta disso, não passa de nota folclórica cada vez mais sem credibilidade ou compatibilidade com a realidade, complexa e difusa, à qual nenhuma visão ou proposta redutora é capaz de resistir, para além de que a urgência de respostas efectivas e duradouras não abundam do lado do expediente que se limita à identificação do problema.

Do lado da solução, quer nas políticas quer nas respostas mais técnicas, nem sempre se consegue uma integração e consequente prática inclusiva que facilite as boas intenções e o sucesso dos avultados investimentos. Há um caminho que se tem vindo a fazer, com maior ou menor dificuldade, mas com algum sucesso, bem visível em domínios como a produção e gestão de energia e água, aumento da eficiência de processos produtivos, medidas de redução de impactos como a poluição, incluindo melhorias tecnológicas e regulamentos que transportam as atividades humanas actuais para um universo mais limpo, cumpridor e respeitador de princípios e normas inimagináveis até há pouco tempo. Mas isso não chega porque ainda não cobre todos os sectores ou geografias e porque se sabe que, por exemplo, uma Europa ambientalmente respeitadora e eficiente não é garantia alguma quando o resto do planeta vive em condições ambientais, sociais e económicas absurdamente degradadas e degradantes. Há muito por fazer e de modo diferente.

Uma das áreas mais promissoras, que dá os seus primeiros passos, é a que se designa por soluções baseadas na natureza. É um conceito que ainda se mistura com uma parte do tal folclore tradicional associado ao respeito pelo ambiente mas que vai muito para além disso e sugere inovação, investimento, decididamente orientados para soluções. A dificuldade maior persiste na integração material e sectorial do conceito, sem que se perca na dimensão conceptual. E isso passa por clarificar o conceito. A União Europeia, líder global na transição para uma maior sustentabilidade, formula as soluções baseadas na natureza como as intervenções e investimentos que, inspirados e suportados pelo conhecimento de processos naturais, são mais eficientes em termos de custo-benefício, resultando em ganhos ambientais, sociais e económicos e, consequentemente, promotores de resiliência, seja social seja ambiental. As soluções baseadas na natureza, disponibilizam mais e maior diversidade de opções, com aplicação em ambientes naturais, rurais ou urbanos e possibilidades de utilização em escalas distintas, adaptando-se às condições específicas de cada problema.

Pensar e promover soluções baseadas na natureza, significa trazer para os processos de decisão mais opções, soluções alternativas, possibilidades adaptadas a cada circunstância ou contexto e, com isso, responder às necessidades concretas do ambiente, das pessoas e da economia. O novo quadro comunitário que se prepara, em linha com as estratégias e políticas sectoriais entretanto aprovadas, prometem oportunidades e disponibilidades para significativos investimentos integrando soluções baseadas na natureza. Será um tempo novo, para melhorar, inovar e resolver problemas sociais e económicos, com menos riscos.