Nervosismo com rendimentos obrigacionistas volta a pôr Wall Street no vermelho
A bolsa nova-iorquina voltou a fechar em baixa, no final de uma sessão de altos e baixos, com forte queda do índice tecnológico Nasdaq, pela preocupação acrescida dos investidores com os rendimentos obrigacionistas.
Os resultados definitivos da sessão indicam que o Nasdaq sofreu a sua maior perda em dois dias seguidos desde há seis meses, ao recuar 2,70%, para os 12.997,75 pontos.
Dos outros mais emblemáticos índices, o seletivo Dow Jones desvalorizou 0,39%, para as 31.270,09 unidades, e o alargado S&P500 caiu 1,31%, para as 3.819,72.
"Mais uma vez, os investidores ficaram preocupados com a subida do rendimento das obrigações", realçaram os analistas do Wells Fargo.
Ao mesmo tempo, os títulos do setor tecnológico, sedentos de investimento para suportar o seu crescimento, sofreram com a perspetiva de o preço do dinheiro aumentar.
Os rendimentos das obrigações do Tesouro a 10 anos passaram os 1,47%, depois de terem fechado na véspera em 1,39%.
"O dinheiro que essas empresas vão deixar de ganhar com a subida das taxas. É a teoria de base: quando as taxas sobem, os mercados (acionistas) baixam", recordou Gregori Volokhine, da Meeschaert Financial Services.
"Mas as taxas também estão a subir com a antecipação de dias melhores", Daí, na sua leitura, a hesitação dos investidores, que tinham começado a semana com uma enorme recuperação, antes de voltarem a contrair-se na terça-feira.
Hoje, a bolsa esteve a digerir um relatório sobre o emprego no setor privado, abaixo do esperado, enquanto se espera pelos números oficiais na sexta-feira.
O inquérito ADP sobre o setor privado mostrou uma forte diminuição na criação de emprego em fevereiro, com 117 mil, abaixo dos 180 mil previstos.
Não obstante, os analistas esperam que o relatório oficial sobre o mercado de trabalho, que vai ser divulgado na sexta-feira, deve ter um tom bem mais otimista. Em concreto, esperam a criação de 200 mil empregos e uma racha de desemprego estável em 6,3%.
No lado das boas notícias, que fazem antecipar um forte crescimento no segundo semestre, o presidente Joe Biden garantiu que até ao final de maio vai haver vacinas para todos os adultos nos EUA. Esta garantia de Biden antecipa em dois meses a previsão anterior.
Entretanto, o massivo plano de apoio à economia, de 19 biliões (milhão de milhões de dólares (1,6 biliões de euros) está prestes a ser aprovado, mesmo que venha a ter um total inferior.
A expectativa é tal que o presidente do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, disse na estação televisiva CBS, que com este plano deve-se prever "uma muito forte economia no final do ano e início do próximo ano".