Madeira

Porto Santo expectante quanto ao turismo numa Páscoa de recolher obrigatório

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Tradicional destino de férias da Páscoa, o Porto Santo enfrenta nesta época o desafio do recolher obrigatório, registando uma ocupação hoteleira mais reduzida do que a habitual, mas mantendo alguma expectativa com o impacto económico da chegada de visitantes.

A ilha do Porto Santo, na Madeira, soma nove quilómetros de areia amarela e terapêutica que, segundo o geólogo João Baptista, tem propriedades medicinais que ajudam a curar problemas do foro reumático. Entre os seus 'cartazes' estão também a tepidez da água e o bom tempo.

Este ano, porém, já com um ano de pandemia de covid-19 em Portugal, a afluência turística na Páscoa não é a mesma de outros anos, mesmo tratando-se de uma ilha com "zero casos", conforme lembra o município. O arquipélago da Madeira está, inclusive, com recolhimento domiciliário obrigatório entre as 19:00 e as 05:00 do dia seguinte nos dias úteis e a partir das 18:00 nos fins de semana e feriados.

Apesar disso, o presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, Idalino Vasconcelos, aguarda um bom fluxo de turistas neste período, o que, na sua opinião, ajudará a "dinamizar" a economia local, quase "estagnada" desde outubro do ano passado.

"Tenho informação de que o barco [que liga a Madeira e o Porto Santo] está com uma ocupação muito boa nestes dias, o que é muito importante para a ilha do Porto Santo, porque a sua principal atividade é o turismo e, nestas circunstâncias de pandemia e de recolhimento nos mercados emissores, o turista da Madeira é importantíssimo", refere, à agência Lusa, o autarca eleito pelo PSD.

Sobre as exigências sanitárias -- um teste até 72 horas antes do embarque aéreo ou marítimo, e o controlo no aeroporto e no porto -, Idalino Vasconcelos salienta ser necessário "incutir confiança às pessoas que partem da Madeira" para o Porto Santo (a 71 quilómetros do Funchal), "sabendo que estão bem, e salvaguardar a saúde dos residentes".

"Penso que as pessoas querem partir sabendo que não estão infetadas e que os outros que também optam por passar uns dias no Porto Santo chegam também em igualdade de circunstâncias. É bom para o destino, para os operadores e para os residentes. Dá confiança", afirma, relevando também as medidas e orientações sanitárias do Governo Regional relativamente à ilha.

Idalino Vasconcelos manifesta-se, no entanto, crítico quanto à rigidez do recolher obrigatório, opinando que o horário poderia ser mais dilatado, "dado que a situação está controlada e seria uma ajuda aos comerciantes".

A Câmara enviou em fevereiro ao Governo Regional vários ofícios nesse sentido, sugerindo inclusivamente que o horário de encerramento fosse às 22:00, mas o executivo do arquipélago (PSD/CDS-PP) já anunciou que não haverá exceções.

Devido ao caráter sazonal do destino e às consequências da pandemia, a maior parte da rede hoteleira continua temporariamente encerrada, estando operacionais, por exemplo, o Hotel do Porto Santo e o Vila Baleira Resort.

O autarca recorda, porém, que "os madeirenses normalmente vêm para as suas casas, dado que 50% das casas no Porto Santo são de madeirenses" que ali têm uma segunda residência.

O presidente da Associação da Indústria, Comércio e Turismo do Porto Santo (AICTPS), Miguel Velosa, diz que os comerciantes "estão expectantes" com a chegada dos seus visitantes madeirenses, admitindo, porém, que as expectativas "não são muito elevadas" devido ao recolher obrigatório, com o encerramento dos estabelecimentos às 17:00 aos fins de semana e às 18:00 úteis.

"Os comerciantes estavam expectantes quanto a esta época da Páscoa tendo em conta que há sensivelmente um mês que não há casos e que a situação está controlada", observa.

Com o sistema sanitário montado quer no porto, quer no aeroporto, e com as regras sanitárias em vigor, "os porto-santenses pensavam que estavam reunidas todas as condições para que o recolher obrigatório fosse mais tardio, permitindo ao comércio, à restauração e aos bares uma maior folga para fazer negócio, para faturar um pouco mais".

"Já foi anunciado que o Governo [Regional] não vai permitir essa abertura", com a justificação de evitar a realização de ajuntamentos, refere.

Miguel Velosa considera que o recolher obrigatório deveria ser às 23:00, o que permitiria "mitigar os efeitos da dupla insularidade e a quebra de rendimento das empresas que desde outubro do ano passado vão tentando sobreviver".

"Nós já vivemos numa cerca sanitária geográfica controlada [por o Porto Santo ser uma ilha], nós não podemos circular entre concelhos como na Madeira", recorda.

Bruno Martins, diretor do Vila Baleira Resort All Inclusive, diz que a estratégia do hotel foi disponibilizar 44 unidades, porque "já se antevia que não ia ser uma Páscoa com grande impacto".

"Oitenta por cento das nossas reservas são de madeirenses e os restantes de continentais", revela.

"Se não houvesse medidas de controlo, penso que as medidas estavam acertadas, mas havendo testes antes de embarcar, quer no avião, quer no barco, acho que as medidas restritivas do recolher obrigatório podiam ser aligeiradas", comenta.

Fonte do Hotel do Porto Santo adianta igualmente que a ocupação oscila entre os 30% e os 40%, "muito distinta de outras Páscoas".

"A maior parte são madeirenses. Do estrangeiro só temos duas pessoas", observa.

Com uma área de 42,48 quilómetros quadrados e com 5.483 habitantes (Censos de 2011), o Porto Santo situa-se a 1.000 quilómetros do continente europeu e a uma hora e meia de voo de Lisboa.