Coronavírus Madeira

“Analisar o desconfinamento do Porto Santo só pelo número de casos é um erro crasso”

Declarações do delegado de saúde e director do centro de saúde local, Rogério Correia

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Nos últimos dias têm sido levantadas vozes críticas sobre as regras impostas no Porto Santo ao nível do recolhimento obrigatório, por não haver casos activos de COVID-19 na ilha. Porém, o delegado de saúde e director do centro de saúde local, Rogério Correia é peremptório: “Analisar o desconfinamento da ilha do Porto Santo só pelo número de casos que temos é um erro crasso.

O médico sublinha que “o desconfinamento não depende exclusivamente do número de casos no Porto Santo, mas também da evolução pandémica das regiões, onde vivem os que nos visitam. E refiro-me sobretudo à ilha da Madeira, onde está o nosso principal visitante”.

O delegado de saúde recorda que a Madeira e o Porto Santo implementaram cedo controlo sanitário à chegada nos aeroportos e “isso funcionou até Dezembro”.

Quando apareceram mais surtos associados à nova vaga no vírus, em Portugal continental e na Europa, “foi um descalabro de casos na nossa Região”. “Em Dezembro tínhamos poucos casos e 4 ou 5 óbitos e em Janeiro foi o número de casos de que se lembram e atingimos os 40, 50 mortos”.

Referindo-se especificamente sobre o Porto Santo, Rogério Correia salienta que enquanto não houve o recolhimento obrigatório, entre Dezembro e Janeiro, “com dois casos tivemos um surto que envolveu trinta pessoas”. Já em Janeiro, com as novas medidas restritivas, os novos quatro casos que foram confirmados deram origem a um surto de dez casos. “Portanto, não basta estarmos a zeros, é preciso termos outras medidas de suporte”, alerta.

Rogério Correia refere ainda que o Porto Santo continua sem casos activos, havendo apenas, desde ontem, uma situação em estudo que se refere a um contacto de risco de uma pessoa que positivou na Madeira. “Mais ainda não é caso positivo e julgo que não vai ser”, salienta.

O médico admite que há muitas pessoas cansadas das medidas implementadas, mas afirma ter a esperança que não surjam mais casos e que com os 25% de cobertura vacinal a serem atingidos no final de Abril, “este confinamento não continuará a ser assim por muito mais tempo”.

Rogério Correia pede assim alguma calma e evitar precipitações. “Estou solidário e compreendo a angústia dos comerciantes locais, mas será muito pior para a frágil economia do Porto Santo abrir e voltar a fechar devido a um surto. Será uma imagem de grande instabilidade numa altura em que os Tour Operators estão a decidir os seus destinos turísticos deste ano, numa altura em que os hotéis preparam a sua abertura para a época alta da ilha dourada”, salienta. “Defendo que devemos abrir com toda a segurança, avaliando muito bem os passos e os momentos certos para abrir a ilha do Porto Santo, sem o recolher obrigatório. Não vamos hipotecar o nosso futuro pelo desgaste e pelo cansaço do momento.”