Venezuela defende uma reestruturação integral da dívida pública
O Presidente Nicolás Maduro advogou hoje por uma reestruturação integral da dívida venezuelana e dos países em desenvolvimento, perante a pandemia da covid-19, insistindo que as sanções norte-americanas reduziram em 99% os rendimentos da Venezuela.
"É importante que se tenha em conta as condições particulares dos países em desenvolvimento, em especial das economias mais pequenas. Mais que uma suspensão temporária da dívida, é necessário uma reestruturação integral, sem que isso signifique uma cessação de soberania", disse.
Nicolás Maduro intervinha numa reunião de alto nível com chefes de Estado e de Governo sobre a Arquitetura da Dívida Internacional e a Liquidez, subordinada ao tema "Iniciativa sobre o Financiamento para o Desenvolvimento na era da covid-19 e mais além", organizada Pelas Nações Unidas.
Durante a sua intervenção Nicolás Maduro explicou que Caracas "condena a imposição de medidas coercitivas unilaterais, criminosas e ilegais" dos Estados Unidos contra a Venezuela, "que trouxeram consigo a diminuição do rendimento nacional em 99%".
"A Venezuela exige, uma vez mais, o fim dos bloqueios económicos, financeiros e comerciais contra os nossos povos (...) Venezuela faz um apelo ao fim do uso perverso que algumas potências fazem do sistema financeiro internacional para sequestrar os ativos dos países em desenvolvimento, depositados nos bancos", disse.
Segundo Nicolás Maduro a pandemia da covid-19 causou uma contração de 7,7% do Produto Interno Bruto, em 2020, na região da América Latina e Caraíbas, fazendo aumentar os índices de pobreza e desemprego.
"Desde há um ano que o mundo luta contra uma pandemia sem precedentes, cujas consequências económicas e sociais ainda são imprevisíveis. No mundo, quase 131 milhões de pessoas caíram na pobreza", explicou.
Segundo Nicolás Maduro "não haverá recuperação económica global até que a última economia do mundo supere esta crise, e isso nos obriga a fazer uma revisão profunda das condições da dívida".
"Não se superará a covid-19, nos países ricos, até que todos os países do mundo a tenham superado. O mesmo vai acontecer economicamente. (...) É importante que se tenha em consideração as condições particulares dos países em desenvolvimento, especialmente as economias menores" disse.
A Venezuela contabilizou 1.565 mortes e 156.655 casos da covid-19, desde o início da deteção da doença no país, em março de 2020.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.784.276 mortos no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.843 pessoas dos 820.716 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.